Great Scott #26: Quem é o único campeão mundial sub20 português sem qualquer jogo na 1.ª divisão?
Xavier
O caminho é exemplar, diga-se em abono da verdade. Se juntarmos os Mundiais sub20 em 1989 e 1991, Portugal acumula 12 jogos. Desses, ganhamos 11. Quer dizer, vitórias mesmo vitórias ‘só’ dez – a 11.ª é um empate vitorioso, o 4:2 por penáltis ao Brasil na final da Luz. A única derrota é um insignificante 4:0 da anfitriã Arábia Saudita, em Riade, na última jornada da fase de grupos, quando a selecção já está apurada para os quartos-de-final.
Para essas duas fases finais, o seleccionador Carlos Queiroz chama 34 jogadores, 18 para cada edição. Calma, caaaalma lá. Se 18 + 18 = 36, como é que dá 34? Simples, Brassard e JVP repetem a presença. Ah bom, sim senhor. Desses 34, há de tudo um pouco como os emigrantes de sucesso (Paulo Sousa, Figo), os emigrantes sem sucesso (JVP) e os portugueses de gema, aqueles que não arredam pé do nosso país. Todos eles jogam cá e só um falha a estreia na 1.ª divisão.
Falamos de José Augusto Bordalo Xavier, nascido em Serpa e formado no Benfica a partir dos juvenis, juntamente com Bizarro, Abel Silva, Paulo Madeira, Valido e Paulo Sousa. Na altura do Mundial 1989, interrompe os trabalhos no Estoril (2.ª divisão, zona sul) e entra em estágio com o resto da malta. Faz dois jogos completos, vs Nigéria e Arábia Saudita (a tal derrota), mais 11 minutos da meia-final com o Brasil. Quando regressa a Portugal, já campeão mundial, faz mais seis jogos. Ao todo, 1204 minutos de Estoril.
Daí para a frente, Xavier junta uma série de clubes de 13 épocas: Mirense, U. Leiria, Marinhense, Marinhense, Feirense, Feirense, Vila Real, Vila Real, Vila Real, Marinhense, Marinhense, Marinhense e Marinhense. Contas feitas, 229 jogos nos escalões secundários e nenhum na 1.ª. Nem um.
O mais próximo de Xavier é Luís Miguel, um dos heróis de 1991. Só quatro jogos. Completa o pódio o guarda-redes Tó Ferreira, outro da geração 1991, com 21 jogos espalhados por Famalicão, Beira-Mar e Salgueiros.
No outro lado do ranking, só a nível da 1.ª divisão portuguesa, o rei é JVP. Tanto em jogos (450) como em golos (112). O mais próximo é Capucho (em jogos, 368) e Paulo Alves (em golos, 78). Só mais uma curiosidade: excepção feita a Xavier e Luís Miguel, por motivos óbvios e relacionados com a nula ou escassa utilização, só há mais um jogador sem golos na 1.ª divisão. É ele, imagine-se, Gil. Goleador de eleição nas camadas jovens, com 14 golos em fases finais entre sub16 e sub20, o homem sente dificuldades maiúsculas e nunca festeja em 30 jogos (24 pelo Braga, seis pelo Estrela).
Último detalhe, vá: se somarmos todos os 34 jogadores, dá uma média de 166 jogos e 14 golos na 1.ª divisão.