Great Scott #63: Quantos penáltis defende Damas no desempate inexistente vs Rangers?

Great Scott Mais 07/02/2020
Tovar FC

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Great Scott #63: Quantos penáltis defende Damas no desempate inexistente vs Rangers?

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O Sporting acumula um prestígio invejável nas competições europeias. É dele o primeiro golo de sempre na Taça dos Campeões Europeus (João Martins, Setembro 1955) e ainda lhe pertence a maior goleada de sempre na UEFA (16:1 vs Apoel Nicósia, Novembro 1963). A juntar a isso, é o único clube a ganhar uma final com um canto directo (Morais no 1:0 vs MTK em Maio 1964).

Entre essas alegrias dos anos 50 e 60 e o século XXI, os leões ainda detêm um trauma impossível de esquecer: a da insignificante vitória nos penáltis com o Rangers. Foi a 3 Novembro 1971, em Alvalade, para a 2.ª eliminatória da Taça das Taças. Em Glasgow, 3:2 para o Rangers. Quinze dias mais tarde, em Lisboa, 40 mil pessoas assistem a um número de circo nunca visto e jamais repetido. O Sporting ganha 3:2 e adia a decisão para o prolongamento. Nesse período extra de 30 minutos, as duas equipas marcam e, nessa altura, de acordo com os regulamentos da UEFA, é o Rangers o apurado pelo maior número de golos fora.

Aliás, muitos jogadores escoceses caminham alegres para o balneário, quando Van Ravens chama o capitão e lhe pergunta cara ou coroa numa alusão ao desempate por grandes penalidades. Assim é. Damas defende o primeiro de Jardine, o segundo de McLean, inclusive o da repetição porque o árbitro holandês argumenta movimento do guarda-redes antes do remate, e o terceiro de Stein. Enquanto isso, Caló e Yazalde marcam. Depois, Peres permite a defesa de McCloy e Smith atira por alto. Resultado final, 2:0. Damas levado em ombros, algazarra na cabine do Sporting, silêncio na do Rangers.

“Até que um jornalista escocês bateu à porta e quis falar com o nosso treinador [Willy Wadell]”, confirma Henderson, autor do 3:3. “Aquela conversa demorou uma eternidade e muitos de nós ansiosos por saber o que era. Outros estavam tão desiludidos, com as mãos na cabeça, que nem sabiam o que se estava a passar. Foi então que o treinador entrou e disse-nos que estávamos apurados. Incrível.” No outro lado, o esquerdino Hilário é o rosto da desilusão. “Já estávamos a beber champanhe e tudo, quando o [Afonso] Lacerda, vice-presidente da federação portuguesa de futebol, nos trouxe a má notícia. ‘Isto foi tudo muito giro, vocês foram fantásticos, mas não valeu de nada, porque em caso de empate no prolongamento os golos marcados fora valem a dobrar.’”

Naquele tempo, as notícias nem circulam assim tão rapidamente e os adeptos sportinguistas apenas tomam conhecimento do adeus europeus do Sporting no dia seguinte, graças aos jornais.” Aliás, o Diário de Notícias dá conta disso. “Às duas da manhã, ligámos ao sr. dr. Pereira da Silva, dirigente do Sporting, que nos informou da eliminação do Sporting, por decisão do sr. Ramirez, o espanhol delegado da UEFA nessa noite.” No dia seguinte, dia 4, a UEFA ratifica a decisão do tal Ramirez. E esquece a magia de Damas.

Manual de instruções para os Van Ravens desta vida

1967-68

o golo fora vale a dobrar mas só para decidir a primeira eliminatória

1968-69

o golo fora vale a dobrar para toda a prova, mas só nos 90’

1970-71

um golo fora marcado no prolongamento vale a dobrar; em caso de empate, penáltis, mas só nas primeiras duas rondas

1972 até hoje

um golo fora marcado nos 90’ ou prolongamento vale a dobrar; em caso de empate, penáltis; válido em todas as rondas  

One Comment
  1. unknown user

    Para uma próxima: Qual foi o último jogo oficial de um grande num pelado? Qual foi o último jogo oficial de uma equipa da primeira divisão num pelado?

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