Expo-98, a de 99 e até a de mil
D-i-g-n-i-d-a-d-e. Ouçamo-lo, ao presidente do FC Porto. “O que eles querem é derrubar um dos últimos baluartes do país, que se nega a vergar ao centralismo deste país. Levem-nos o dinheiro, façam a expo-98 e a de 99 e até a de mil, mas não façam mais nada. Daqui, do Norte, nunca levarão uma coisa. Daqui, da cidade, nunca levarão uma coisa. E do FC Porto jamais levarão uma coisa. Que é a dignidade.”
Pinto da Costa gesticula mais que nunca, em tom desafiante para com o Estado. Motivo: uma repartição de finanças do Porto emitira um auto de penhora no Estádio das Antas, mais concretamente a sanita no balneário do árbitro. Numa peculiar conferência de imprensa marcada à pressa, dentro de um pavilhão cheio de adeptos, ao lado dos jornalistas, para mostrar a indignação da penhora da sanita no balneário dos árbitros, a palavra drama ganha um novo élan. “Peço-vos a maior serenidade, porque acabei de ser informado de que a GNR vem a caminho do Pavilhão do FC Porto com o pretexto de que estará aqui uma bomba.”
Pausa. Mais drama ainda. Play. “Se estiver aqui uma bomba, eu espero que ela expluda.” Não há bomba nenhuma, claro. Pelo menos, naquela tarde de 1 Março 1994. E a sanita? Essa, pobre coitada, só é derrubada no século XXI, com a demolição do Estádio das Antas. Muita água (e não só) corre por aí.