Best of da 2.ª divisão na ½ final da Taça de Portugal

Kali Ma Mais 02/11/2021
Tovar FC

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Best of da 2.ª divisão na ½ final da Taça de Portugal

A Taça de Portugal esconde segredos impensáveis. E ainda bem, é a magia de uma prova nacional mais democrática. Daí os sete campeões nos últimos dez anos entre Porto, Académica, Benfica, Sporting, Vitória SC, Aves e Braga. É obra – bem bonita, por sinal. Seguem as três histórias mais surreais de equipas da 2.ª divisão nas ½ finais.

1943 Vitória FC

Ponto prévio, o Vitória FC é a primeira equipa da 2.ª divisão a atingir a ½ final. E, já agora, a primeira equipa da 2.ª a ir à final. E, já agora (parte ii), a única da 2.ª a chegar à final por duas vezes. Além de 1943, ainda há a epopeia de 1962.

Posto isto, vamos à história do maior tomba-gigantes da história. Maior? Sim senhor, sem margem para dúvida. Veja lá bem, o Vitória FC, campeão invicto da série 11 da 2.ª divisão, apura-se para a final com um 7:0 ao FC Porto. Sete-zero, sem espinhas. Ao intervalo, já há 4:0. Na segunda parte, mais três batatas. E o Porto de Lipo Herczka joga com as suas estrelas, como Pinga, Araújo, Pratas, Gomes da Costa, Anjos, entre outros (excepção feita ao guarda-redes Valongo, suplente de Andrasik e Barrigana). O onze heróico do Vitória é digno de registo. Ei-lo: Idalécio; Montez e Armindo; Paoboco, Figueiredo e Rogério Cruz; Passos, Rendas, Francisco Júlio, Nunes e Amador.

O primeiro golo aparece ao segundo minuto, ainda o Porto não passara do seu meio-campo, porque a bola de jogo sai do Vitória FC e há um canto. O defesa Alfredo atrapalha-se com a bola, facto devidamente aproveitado para Nunes atirar sem hipótese para Valongo. Aos 17’ e 22’, bis de Rendas. É de Amador o quarto da tarde, antes de duas bolas à trave por parte do Porto. Após o intervalo, o Vitória FC volta a marcar no segundo minuto, por Francisco Júlio. Aos 51’, hat-trick de Rendas. E, aos 75’, Nunes fixa o espectacular resultado. Palmas para a equipa de Armando Martins. Ainda para mais, sete-zero é ainda hoje a pior derrota do Porto para a Taça. Memorize a data para um futuro quizz: 13 Junho 1943.

1944 Estoril

Valongo, lembra-se do Valongo, guarda-redes do Porto a levar sete em Setúbal? Pois bem, o homem transfere-se para o Estoril, na 2.ª divisão. É o início de uma nova vida e tudo lhe corre às mil maravilhas, com menos pressão e mais alegria no trabalho. Tanto assim é que o Estoril é a segunda equipa a chegar à final da Taça como representante da 2.ª divisão.

E que Taça, senhores, que Taça. O Porto elimina o Sporting dos cinco violinos nos oitavos-de-final, com vitória no Lima (2:0) e empate no Lumiar (3:3). Na eliminatória seguinte, o Porto esgrime argumentos com o Estoril. E agora? O Estoril é tomba-gigante, e em dose dupla, com 3:1 no Lima e 2:1 na Amoreira. O Estoril calha então com o Vitória SC. A primeira mão é em Guimarães. Que emoção. Emoção? Essa é boa. O Estoril dá um chocolate nunca visto, 5:0. Nos bancos, dois treinadores ex-internacionais portugueses, um acontecimento raríssimo naquele tempo: Alberto Augusto (Vitória) e Augusto Silva (Estoril).

Se a baliza do Estoril é de Valongo, a do Vitória é guardada por Machado, o pai de Manuel Machado. No campo do Bemlhevai, a multidão assiste incrédula ao desenrolar dos acontecimentos. Raul Silva 0:1, Petrak 0:2, intervalo. No recomeço, Raúl Silva 0:3, Petrak 0:4, Canal 0:5. Que tareia, chi-ça. Na segunda mão, o Vitória apanha mais cinco na Amoreira, agora 5:1.

1979 Fafe

É uma cegada de todo o tamanho, no Municipal de Fafe, O dia é um domingo, 20 Maio 1979. Ao intervalo, 0:0. No fim dos 90 minutos, 0:0. Vamos para prolongamento, a malta agita-se. Aos 94’, penálti para o Sporting apitado pelo conimbricense Santos Luís. A televisão diz o contrário, Costeado nada faz para derrubar Zandonaide. Fazer o quê? A malta agita-se ainda mais. Jordão avança e marca, como é seu apanágio, 1:0 no pelado de Fafe. Está o caldo entornado.

O pessoal da superior esboçar uma invasão de campo, a polícia impede com energia. O problema é o arremesso de material como isqueiros, garrafas e pedras. Voa tudo na direcção dos homens de preto. Um deles aparece estatelado, é o fiscal-de-linha Silva Mateus. O caso acontece a dois minutos do fim e o árbitro vê ali razões mais que suficientes para acabar antes de tempo. Meu dito, meu feito. Após 118 minutos de bola, peep peep peeeeeeeeeep. Acaba, ganha 1:0 o Sporting. Será mesmo?

O caso arrasta-se por mais de um mês, mais precisamente até ao dia 30 Junho, data da final entre Boavista e? Suspense à Hitchcock. O Fafe protesta a arbitragem, protesta o resultado, protesta tudo. A federação chuta para canto, o Fafe recorre da sentença e andamos nisto mais de 30 dias, sem saber se o Sporting vai jogar a final. Só na véspera da final, já com o Sporting em estágio, é que a FPF sela o destino do Fafe – que, antes, já recebera a notificação de quatro jogos à porta fechada e uma multa pesada pelos desacatos.

E ainda

A maior goleada 1946 Sporting 11:0 Famalicão

O melhor desempenho pessoal 1994 Balakov, 5 golos (Sporting 6:0 Lourosa)

O único a obrigar desempate 1991 Feirense 1:1 FC Porto (depois 0:2)

O único apurado após prolongamento 1990 Belenenses 1:2 Farense

Os intrusos do 3.º escalão 1994 Lourosa, 2002 Leixões, 2018 Caldas

E ainda

Todas as 29 equipas secundárias na ½ final da Taça de Portugal

(a negrito, equipas apuradas para a final)

1943 Vitória FC

1944 Estoril

1946 Famalicão

1948 Barreirense

1955 Farense

1956 Marítimo

1962 Vitória FC

1968 Marítimo

1977 Fafe + Gil Vicente (única vez com duas equipas de 2.ª)

1979 Fafe

1983 Académica

1985 Covilhã

1990 Farense

1991 Feirense

1992 Leixões

1994 Lourosa

1999 Esposende

2000 Moreirense

2002 Leixões

2003 Naval

2005 Estrela

2010 Chaves

2012 Oliveirense

2013 Belenenses

2016 Gil Vicente

2018 Caldas

2020 Académico Viseu

2021 Estoril

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