Senna. “Senti-me sempre como filho adoptivo”

O que faz Thiago Motta na selecção italiana? Ninguém sabe ao certo mas esteve a 90 minutos de se sagrar campeão europeu. Seria o segundo brasileiro depois de Marcos Senna, naturalizado espanhol na era Aragonés para comandar o meio-campo com Xavi e Iniesta.

Alguma vez se sentiu inadaptado na selecção espanhola?

Nunca. Isso nunca me aconteceu. E até fiquei surpreendido porque estamos sempre a ouvir a mesma conversa de racismo e mais racismo na Europa e a Espanha até é um dos países mais falados nesse aspecto, mas nunca sofri com isso. Nada mesmo. Sempre fui tratado como um irmão diferente dos demais, como um filho adoptivo.

Do Aragonés?

Foi ele quem me chamou para a selecção. Acreditava no meu potencial e entrei de caras na selecção. Ele é uma pessoa sensacional e um treinador competente, com quem é fácil de trabalhar.

Nunca berrou consigo?

Berrar? Nunca. Uma vez, no terceiro jogo do Euro-2008, ele meteu os suplentes porque já nos tínhamos classificado. Eu fiquei no banco. A meio da segunda parte, ele manda-me entrar. Fico em pânico porque não sabia onde estava a minha camisola de jogo. Procurei, disse ao Cazorla para ir comigo ao balneário até que percebi que já estava com a camisola de jogo vestida, mas debaixo do colete. Foi uma risada no banco, incluindo o Aragonés.

in jornal i, Jun 2012