Great Scott #513: Único jogador gravemente lesionado por Maradona?
Dertycia
O estilo de Dertycia é vertiginoso. O seu cabelo, a sua atitude, o seu tempo de salto. O homem é craque e marca golos infinitos de cabeça. ‘Nunca fui capa da revista ‘El Gráfico’ e marquei nove vezes ao River, mais nove ao Boca’. Diz isso sem maldade, com um sorriso nos lábios. Aos 17 anos de idade, já é uma estrela do futebol argentino. Um ano depois, em 1983, já participa no Mundial sub20 com um golo vs China e a presença na final, perdida vs Brasil.
Goleador por excelência no Instituto Córdoba, com 89 golos espalhados por 195 jogos, o bom do Dertycia chega à selecção maior e faz muitos minutos na qualificação para o Mundial-86, no México. A sua convocatória é um dado garantido, não fosse a boa forma de Claudio Borghi a roubar-lhe espaço à última hora.
Paciência, daqui a quatro anos é que é. Ou não. Para o Mundial-90, em Itália, a vida de Dertycia está ainda mais bem encaminhada. Para início de conversa, joga na Fiorentina, ao lado de Roberto Baggio. Só que o destino prega-lhe mais uma partida com uma lesão grave, através de um lance inofensivo a meio-campo com o compatriota Maradona, vs Nápoles, em Perugia, para a Taça de Itália. É fase de grupos e acaba 1:1, golos de Dunga e Maradona.
‘Já conhecia Diego da selecção, tínhamos um ponto em comum que era o Argentinos Juniors, e éramos grandes amigos. Ele excedeu-se em idas ao hospital e ofereceu-me tudo e mais alguma coisa entre relógios da sua colecção mais camisolas do Nápoles – essas voaram num abrir e fechar de olhos, cortesia dos médicos da Fiorentina. Rompi os ligamentos, só voltei a jogar em Dezembro desse ano e foi tudo uma tortura: o ver o Mundial pela televisão, o estar acamado muito tempo, o perder o cabelo por nervos, o estar longe da família.’
Pois é, Dertycia perde o cabelo e reaparece totalmente careca no Cádiz, onde iria fazer história com um golo ao Barcelona de Cruijff e a permanência in extremis na 1.ª divisão, através da liguilha, e por desempate de penáltis. A sua história em Espanha continua em Tenerife.
Bate forte coração, bate. Com Redondo em campo e Valdano no banco, é seu um dos golos ao Real Madrid na reviravolta do título de campeão para o Barcelona na última jornada. Na pré-época seguinte, é de Dertycia o primeiro golo sofrido de sempre por Rogério Ceni (São Paulo), em Santiago de Compostela.
A carreira só acaba em 2002, aos 37 anos de idade, ao serviço do Sport Coopsol (Peru). Ao todo, mais de 200 golos numa carreira preenchida, da cabeça aos pés.