Great Scott #590: Primeiro treinador em clubes dos cinco continentes?
Puskas
Goleador por excelência, com sete golos em duas finais europeias (póquer vs Eintracht em 1960, hat-trick vs Benfica em 1962), Puskas pendura as chuteiras em 1966 e continua ligado ao futebol como treinador.
Começa em Espanha, faz um desvio para os EUA, depois Canadá e volta a Espanha. Em 1970, Puskas assina pelo Panathinaikos e arranca para a melhor época da sua vida de treinador. E a do Panathinaikos. E, já agora, do futebol grego. Caaalma, o Panathinaikos nada ganha, chega ‘só’ à final da Taça dos Campeões. Passam-se 51 anos e nunca mais uma equipa grega chega perto.
Essa época 1970-71 é memorável, o Panathinaikos elimina Everton e Estrela Vermelha pela regra dos golos fora. Nos ¼, um golo de Antoniadis no Goodison Park garante o 1:1 em Liverpool. Quinze dias depois, 0:0 em Atenas. Na ½, a viagem até Belgrado é um pesadelo e acaba 4:1 para o Estrela. Em Atenas, o Panathinaikos dá a volta com dois golos de Antoniadis e um de Kamaras, com o pé esquerdo, à entrada da área. É a loucura na Grécia, as pessoas vibram e saem à rua para celebrar um feito único.
A final é vs Ajax, em Wembley, onde Puskas dera um festival de bola pela selecção húngara 14 anos antes, em 1956, com o incrível 6:3 vs Inglaterra. Antes do jogo propriamente dito, um trio de ilustres gregas oferecem os seus serviços à equipa. Zeta Apostolou, actriz com mais de 40 filmes de gosto duvidoso, diz à imprensa local que passa um fim-de-semana em Creta com o guarda-redes Takis Economopoulos, caso não sofra qualquer golo do Ajax. Logo a seguir, Zoe Laskari (ex-Miss Grécia) promete beijar os jogadores para sempre. Por último, a cantora Zozo Sapountraki abre a sua casa a todo o plantel durante um fim-de-semana.
Tudo isto em vão, o Ajax é mais forte. Van Dijk abre o marcador aos cinco minutos e Economopoulos mantém a magra desvantagem até ao intervalo com defesas miraculosas. Na segunda parte, o Panathinaikos joga de forma afoita, à procura do golo, e só baixa os braços aos 87’ com o 2:0 do jovem Haan. É o primeiro de três títulos europeus seguidos do Ajax.
Quanto ao Panathinaikos, o terceiro lugar da 1.ª divisão grega nada lhe garante em matéria de presença europeia na época seguinte e a equipa de Puskas só regressa à elite em 1972-73, na ressaca do título nacional com cinco pontos de avanço sobre o eterno rival Olympiacos. É o único título do treinador húngaro em quatro anos de Pana.
Daí em diante, Ferenc faz-se campeão no Paraguai (Sol América 1986) e na Austrália (South Melbourne 1990, um ano depois de levanta a Taça). Para rematar em beleza, Puskas dirige a selecção do seu país e comete a proeza de ganhar à Irlanda em Dublin por 4:2, a perder 2:0 ao intervalo (bis do suplente Hamar, 3:2 do outro suplente Balog e 4:2 de Urbán).
Eis o currículo viajado do senhor Puskas
Europa Hércules, Alavés, Panathiniakos, Murcia, AEK Atenas
América San Francisco Golden Gate, Vancouver Royals, Colo-Colo, Sol de América, Cerro Porteño
África Al Masry
Ásia Arábia Saudita
Oceânia South Melbourne