Great Scott #633: Primeiro falso 9 na história do futebol?
Piccinini
A história do falso nove é antiga. Muito mais antiga do que se julga, embora se fale muito de Messi no Barcelona de Guardiola. Antes, no México-86, a selecção argentina mete Maradona como 9 na final vs RFA. As palavras pertencem ao seleccionador Carlos Bilardo.
‘Deslocámos Maradona para a posição de avançado-centro e recuámos Valdano mais Burruchaga para segurar os laterais deles, sobretudo aquele que corria desalmadamente, o Briguel. Maradona a 9? Sim, Maradona a 9. Tinha lido durante a semana que o Beckenbauer ia apostar na marcação individual sobre o Maradona. Seria o Matthäus. Interiorizei essa ideia, falei com o Maradona e chegámos a um acordo: quanto mais ele avançasse no terreno, melhor para nós, mais espaço teríamos no meio-campo para as diagonais do Valdano e do Burruchaga. Porque se Matthäus fosse com Maradona, abriria ali um fosso. Foi o que aconteceu, embora tivéssemos ganhado com um passe do Maradona do meio-campo para a corrida do Burruchaga.’
Antes, muito antes, um treinador há deveras especial. Chama-se Giuseppe Viani, é italiano por excelência, considerado por muitos como o inventor do esquema táctico com libero. Seja ele ou não, um facto é indesmentível: Viani joga com um libero e esse jogador veste a camisola número 9 para confundir o adversário. A ideia é libertar a posição de avançado-centro e recuar no campo para dar mais amplitude ao ataque, quase sempre jogado pelas laterais.
Não façam confusão, Viani é campeão da 3.ª divisão, pelo Siracusa (1941) e Salernitana (1943). Depois é campeão da 2.ª divisão, pela Salernitana (1947) e Roma (1952). Por fim, é campeão da 1.ª, pelo Milan (1957). Em todo esse processo, as equipas de Gipo Viani jogam no sistema Vianema, o tal com libero número 9 a orientar toda a equipa desde o seu meio-campo defensivo.
O primeiro jogador, e melhor intérprete, é um tal Alberto Piccinini em 1947-48 pela Salernitana. A inovação até nem dá um resultado por aí além e a Salernitana desce à 2.ª. A ideia, essa, é inovadora até mais não e ainda hoje se fala do catenaccio, uma espécie de Vianema 2.0.