Great Scott #793: Quem marca o último penálti do único Benfica vs. Sporting decidido de madrugada?
Eurico
A Taça de Honra da AF Lisboa é uma competição engraçada, cheia de histórias mirabolantes. Uma delas acontece em Dezembro 1977, a meio da época desportiva 1977-78.
Na noite de 29, a peregrinação ao Restelo inclui dois jogos nocturnos. Primeiro o Estoril vs. Belenenses para o 3.º e 4.º lugares, depois o Benfica vs. Sporting para a final. A atribuição do último lugar do pódio é uma pasmaceira, sem ponta por onde se pegue.
O Estoril apresenta cinco juniores, o Belenenses alguns suplentes. Futebol desarticulado e toma lá um 0:0. Sem direito a prolongamentos, salta-se para a parte dos penáltis e aí, senhoras e senhores, é um fartote. Ao todo, 14. Nove golos (5:4 para o Belenenses), cinco tiros falhados ao alvo (Rui Paulino defende três, de Fernando Martins, Teixeira e Zulendo).
Siga para o dérbi, já tarde e a más horas. Tanto Benfica como Sporting jogam à grande e à portuguesa, como se fosse um jogo da 1.ª divisão. O Benfica cria imensas oportunidades na primeira parte, o Sporting responde à letra na segunda, embora jogue com um a menos, por expulsão de Inácio (ameaça de agressão a Celso). Acto contínuo, um energúmeno invade o relvado e agride (imagine-se) o guarda-redes sportinguista Botelho – a polícia só o identifica uns largos minutos depois, já o adepto está de volta ao aconchego do seu lugar na bancada de pedra.
Quase quase quase a acabar, o árbitro Fernando Costa apita penálti para o Benfica. Na cobrança, Vítor Baptista atira e Botelho defende com categoria. Vamos para prolongamento e o benfiquista Celso é expulso. Quanto a golos, ainda 0:0. Vamos para penáltis num 10 contra 10.
Começa o Sporting, acaba o Benfica. Quem desequilibra a balança é o central Eurico, na sequência de uma bola à barra do suplente Cerdeira. Já passa da uma da manhã, John Mortimore está mais para lá do que para cá. É o próprio quem o admite: ‘A esta hora já costumo estar a dormir.’
Sob a arbitragem do lisboeta Fernando Costa, eis os actores principais e secundários
BENFICA Bento; Bastos Lopes, Humberto, Eurico e Alberto; Shéu (Mário Wilson jr 76), Toni e Pereirinha; Cavungi, Vítor Baptista e Chalana (Celso 46)
Treinador John Mortimore (inglês)
SPORTING Botelho; Artur, Manaca, Murça e Inácio; Barão, Fraguito e Ailton; Manuel Fernandes, Jordão e Isaías (Cerdeira 73)
Treinador Rodrigues Dias (português)
Indisciplina expulsões do sportinguista Inácio (59) e do benfiquista Celso (110)
Nota Botelho defende penálti de Vítor Baptista (90)
Desempate por penáltis
Murça 0:1
Vítor Baptista 1:1
Manuel Fernandes 1:2
Mário Wilson jr 2:2
Jordão 2:3
Pereirinha (ao lado)
Artur (defesa de Bento)
Humberto 3:3
Manaca 3:4
Bento 4:4
(segunda série)
Ailton 4:5
Cavungi 5:5
Barão 5:6
Toni 6:6
Cerdeira (à trave)
Eurico 6:7