#60 FC Porto 1934-35
Campeão regional pela 17.ª vez consecutiva, e só com vitórias (dez), o FC Porto entra por direito próprio na primeira edição da 1.ª divisão, ao lado de outros sete concorrentes.
A estreia é assim-assim, empate a um golo nas Salésias. O primeiro golo portista é do extremo-esquerdo Carlos Nunes e a figura é o guarda-redes Soares dos Reis, autor de uma defesa heróica a um penálti de Bernardo, já com 1:1 no marcador. Na semana seguinte, já na Constituição, o FC Porto dá 7:1 à Académica com hat-trick de Artur Alves (curiosidade maiúscula, nunca mais marcaria ao longo do campeonato).
Segue-se o clássico vs. Benfica, no Lima, então o maior campo no Porto. Com lotação esgotada, o FC Porto supera-se e ganha 2:1 com Pinga a assinar o ponto em recarga a um penálti seu defendido por Amaro. O outro clássico é no final da primeira volta, novamente no Lima, numa tarde em que o Sporting até recupera de uma desvantagem de dois golos antes de Pinga completar um hat-trick.
À 10.ª jornada, a tranquilidade do líder FC Porto é abalada por um 3:0 do Benfica nas Amoreiras. O Sporting aperta o cerco e só está a dois pontos, com a perspectiva de um tira-teimas no derradeiro dia, em Lisboa. O FC Porto acusa o toque e acelera para o título de campeão nacional, com três vitórias seguidas, duas delas com chapa 7 – ali pelo meio, Estrela (União Lisboa) comete a proeza de celebrar um hat-trick a Soares dos Reis.
O último dia é de agitação. Se o Sporting ganha em casa, é campeão. Todos os outros resultados favorecem o FC Porto. Ao intervalo, 1:1 por Ferdinando e Carlos Nunes. A abrir a segunda parte, Lopes Carneiro adianta o FC Porto e o 2:2 de Soeiro a cinco minutos do fim é tão-só de consolação.
O FC Porto é o primeiro campeão de sempre da 1.ª divisão, guiado por um treinador húngaro chamado Joseph Szabo, transformado em José Sezabo aquando da passagem para a nacionalidade portuguesa. Contas feitas às 14 jornadas, há seis totalistas e o melhor marcador é Carlos Nunes, com 13 golos, mais um que Pinga.
A ocasião faz o dragão. Vai daí, FC Porto e Betis entendem-se para organizar uma Taça Ibérica no sentido de homenagear os campeões de Portugal e Espanha. O jogo está marcado para 7 Julho, no Ameal. Cerca de 15 mil pessoas deslocam-se ao campo para ver o 4:2 do FC Porto, com hat-trick de Pinga — o outro golo portista da tarde, curiosamente o primeiro de todos, é de Pocas.
(a negrito, os jogos fora)
Belenenses | 1:1 | Nunes |
Académica | 7:1 | Artur Alves-3 / Nunes-2 / Lopes Carneiro / Pinga |
Benfica | 2:1 | Lopes Carneiro / Pinga |
Vitória FC | 0:1 | |
União Lisboa | 2:0 | Artur Alves / Lopes Carneiro |
Ac. Porto | 3:0 | Nunes-2 / Pinga |
Sporting | 4:2 | Pinga-3 / António Santos |
Belenenses | 1:0 | Nunes |
Académica | 4:2 | Nunes-2 / Pinga-2 |
Benfica | 0:3 | |
Vitória FC | 3:2 | Lopes Carneiro / Nunes / Pinga |
União Lisboa | 7:4 | Valdemar-3 / Nunes-3 / Pinga |
Ac. Porto | 7:0 | Carlos Mesquita-3 / Valdemar-2 / Lopes Carneiro / Pinga |
Sporting | 2:2 | Nunes / Lopes Carneiro |
Eis o onze-base
Soares dos Reis (26 anos)
14 jogos/19 golos sofridos
Avelino (27)
12/0
Jerónimo (29)
14/0
Nova (32)
14/0
Carlos Pereira (23)
14/0
Álvaro Pereira (20)
14/0
Lopes Carneiro (21)
13/6
Valdemar (29)
12/5
Acácio Mesquita (25)
2/3
Pinga (24)
13/12
Carlos Nunes (20)
14/13