Great Scott #1063: Último árbitro agredido por adeptos na Liga dos Campeões?
Frisk
Parece uma história do tempo da outra senhora e é deste século, mais precisamente em 2004-05. O palco é o Estádio Olímpico, em Roma, joga-se a primeira jornada da Liga dos Campeões.
A Roma passa um Verão atípico, a conviver com as saídas de Capello (treinador) e Emerson (craque do além), ambos para a Juventus. Apertada com dinheiro, o presidente Franco Sensi ainda tem de libertar Samuel para o Real Madrid mais Lima para o Lokomotiv Moscovo.
A escolha para o lugar de treinador recai em Prandelli, um homem da nova vaga e já reconhecido pelo trabalho meritório no Parma. Acontece que a sua mulher é diagnosticada com um cancro maligno e Prandelli rescinde o contrato antes do início de época para se ocupar a mil cento de Manuela.
A Roma contrata então o alemão Rudi Völler, glória romana dos anos 90 e ex-seleccionador da Alemanha, finalista do Mundial-2002 e decepção maiúscula do Euro-2004 (nem passa da fase inicial, num grupo com Holanda, Letónia e República Checa).
O arranque de época é vitorioso, 1:0 em casa vs. Fiorentina numa tarde marcada pela expulsão do irascível Cassano por agredir um jovem chamado Chiellini. Três dias depois, a Roma recebe o Dínamo Kiev para a Liga dos Campeões. O onze é feito de jogadores interessantes como Panucci, Mexès, Mancini, De Rossi, Totti e Montella, sem esquecer Pelizzoli, Ferrari, Cufré, Dacourt e Aquilani.
Aos 29 minutos, Gavrancic acerta uma bola no ângulo superior de Pelizzoli e silencia o Olímpico. No tempo de acréscimos da primeira parte, Mexès acerta um pontapé sem bola no avançado Verpakovskis.
Como se fosse pouco, o central francês ainda se atira ao avançado lituano, caído sem apelo nem agravo. Ao árbitro sueco Anders Frisk não lhe resta outra alternativa senão exibir o cartão vermelho directo.
O Olímpico vira Coliseu, é um circo de feras. Os adeptos enfurecem-se e um deles atira uma moeda na direcção de Frisk, quando este se encaminha para o balneário, após o triplo apito para o intervalo. Seja qual for a moeda de euro, a testa de Frisk abre um buraco de onde escorre sangue. O árbitro até cai e é amparado por um dos fiscais-de-linha antes de seguir para o balneário.
O jogo é interrompido e não se reata nunca mais. Frisk suspende e a UEFA multa a Roma com derrota por 3:0, além de dois jogos à porta fechada. A Roma perde os dois, vs. Bayer e Real Madrid, e acaba o grupo em último lugar, com um só ponto.