Rui Vitória. “Marquei um golo ao Preud’homme na Luz, e esta hein?!”
Um, dois, cinco, dez, vinte e cinco, cinquenta. Cinquenta é muito jogo. É hoje o parabéns a você de Rui Vitória. Meio século de vida, de boa vida. Como jogador, sobe quatro vezes de divisão (Vilafranquense-3, Seixal-1). Como treinador, ganha duas Taças de Portugal (Vitória SC, Benfica) e celebra a conquista de dois campeonatos nacionais da 1.ª divisão em anos seguidos (Benfica, Benfica).
Em dia de aniversário, só lhe peço que puxe pela memória para contar a história de um jogo épico. A jogar como gente grande, nos pelados deste país. O homem aceita o desafio sem pestanejar e puxa o filme atrás uma, duas, três, quatro vezes. É de mestre.
“Tenho uma engraçada, é dia de Paços-Alverca para a 2.ª de Honra. O Maniche lesiona-se no aquecimento e o treinador informa-me que vou jogar. A conversa foi ali no balneário, nem deu para grandes coisas de aquecer e tal. Simplesmente entrei em campo e joguei. Um pouco contrariado, porque não queria jogar nessas condições. A verdade é que fiz o 1-0, numa jogada de puro contra-ataque: um canto contra nós e fomos lá à frente em três tempos. Eu que nunca fui muito rápido, deu-me para correr o campo de uma ponta à outra para fazer o golo. Ganhámos 6-0 em Paços. Seis-zero.” Akwá, Akwá, Edgar, Valério (própria baliza) e João Peixe completam a goleada.
É uma boa história. “Ò Rui, tenho mais uma pelo Alverca, ainda dessa época 1996-97, quando havia aquela ligação estreita com Benfica. Fomos jogar à Luz a título particular, já não sei se o treinador era o Manuel José ou o Paulo Autuori. Sei que empatámos 2-2 e um dos golos do Alverca foi meu. A bola passou por entre as pernas do Preud’homme. E esta, hein?!”
Duas histórias, já. Sai uma terceira? Ai não que não sai. “Esta é dos infantis do Alverca. Na tarde em que o Sporting festejou o título de campeão nacional 1981-82, fomos jogar a Alvalade. Antes do Sporting 7 Rio Ave 1, aquele Sporting de Jordão, Manuel Fernandes e Oliveira, jogaram os infantis. Estádio completamente cheio e nós ali a jogar. Marcámos o 1-0, fui que o fiz, num remate fora da área.” E depois? “Depois? Apanhámos uns 7 ou 8, a diferença era enorme. E estamos a falar de um Sporting fortíssimo com os irmãos Canana e os irmãos Chow. Mas foi um dia diferente, pelo golo e por ter visto de perto a festa do Sporting, porque ficámos dentro do estádio para o jogo com o Rio Ave.”
Três histórias, caso arrumado? Nem por isso, Rui Vitória lembra-se de um quarto jogo. “Pelo Vilafranquense em Fátima. Era preciso ganhar e foi 1-0, com golo meu. A curiosidade aqui tem a ver com o guarda-redes do Fátima.” Então? “Chama-se Luís Coutinho, mais tarde presidente do Fátima, na época em que eu era treinador e agora o presidente da Câmara Municipal de Ourém.”
Quem diz quatro, diz cinco? Oh yeahhhhh. Sem esforço, Rui Vitória lembra a gloriosa época do Vilafranquense em 1997-98. “Ganhámos a nossa série [quatro pontos de avanço sobre o SIntrense], ganhámos a zona sul do play-off [por diferença de golos vs Louletano] e fomos jogar com o campeão da zona norte. Em Freamunde, 3-0. Marquei também um dos golos.” Cinco histórias, cinco. É de homem.
That’s all folks, deixemos Rui Vitória curtir o 50.º aniversário.