Great Scott #128: Quantos jogos acumula Júlio César na 1.ª divisão pelo Benfica?

Great Scott Mais 10/01/2020
Tovar FC

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Great Scott #128: Quantos jogos acumula Júlio César na 1.ª divisão pelo Benfica?

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Veni, vidi vici – vim, vi e venci – é uma das frases célebres de Júlio César. Ao ser destituído do cargo de governador das Gálias (actuais França e Bélgica), o Senado Romano só espera que Júlio César deponha as armas e volte a Roma para ser mais um habitante. Claro que o plano de César não é exactamente esse; se assim fosse, iria para tribunal pela certa. Por isso, o homem invade a província da Itália. Ao atravessar o Rubicão (riacho que delimitava a fronteira da parte central do território romano), pronuncia a famosa frase “alea jacta est” (a sorte está lançada). Após alguns anos de guerra civil, é ele efectivamente o imperador absoluto de Roma. E do Benfica? Nem pensar.

Este Júlio César nasce no Brasil, em São Luís do Maranhão, e aparece a jogar no Marathón, das Honduras. Uma época (dois golos em 22 jogos) basta-lhe para uma aventura em Espanha, no Valladolid. Como o mundo da bola é estranho, o homem aparece no Real Madrid e até joga a titular, ao lado de Hierro, Iván Campo, Karanka e Helguera. A sua qualidade é discutível, Del Bosque aposta nele sem reservas e a verdade é que soma sete jogos na gloriosa campanha da Liga dos Campeões-2000. Emprestado ao Milan, é imediatamente recambiado para Espanha – agora, Real Sociedad. Em 2001, é contratado pelo Benfica, presidido por Manuel Vilarinho. Começa a titular (dupla com Argel) e só se mostra verdadeiramente ao lado de Caneira, como autor de dois golos ao Alverca num 3-2 na Luz. Com a entrada de Jesualdo Ferreira para o lugar de Toni, em Janeiro, perde o lugar para João Manuel Pinto e nunca mais se ouve falar dele. Na Luz, claro. Ao todo, 20 jogos.

Júlio César. Levante a mão quem nunca ouve falar dele? Pois bem, é um dos maiores chefes militares da história da humanidade. Nascido num berço aristocrático, cedo se predispõe a ser protagonista político com brilhantes campanhas militares contra os povos nas Gálias. Após conquistar Roma e a península itálica, Júlio César invade o Egipto (intervém na disputa dinástica a favor de Cleópatra) e até chega à Ásia em 47 a.C., onde celebra a vitória com o famoso veni vidi vici. Aventura-se ainda para o norte de África, com o sucesso de sempre. Com todo o mundo romano sob o seu controlo, Júlio César regressa a Roma onde é apelidado de Pater Patriae, pai da pátria. Começa então a desenvolver uma série de reformas administrativas que incluem a mudança para o calendário juliano. Um exemplo: o mês Quintilis é rebaptizado como Julius em sua honra e continua, nos dias de hoje, a ser conhecido como Julho. Julho?

Sim senhor, é o mês em que Júlio César chega ao Benfica, pela mão de Jorge Jesus, que o treinara no Belenenses em 2007-08 e 2008-09. Na Luz, o guarda-redes brasileiro compete com Quim e Moreira (sim, Moretto é uma carta fora do baralho). O que faz Jesus? Divide-os por competições: Quim para o campeonato nacional, Moreira para a Taça de Portugal mais Taça da Liga (mas só às vezes) e Júlio César para a Liga Europa. Daí os 12 jogos até à eliminação em Anfield, naquela noite dos 4:1 com o Liverpool, em que é substituído aos 81 minutos por lesão, num choque com Kuyt. Na época seguinte, Jesus aposta em Júlio César para a Taça de Portugal e o homem só pára nas meias-finais, afastado pelo Porto de Villas-Boas na Luz. Ao todo, só quatro jogos na 1.ª divisão.

Júlio César governa como lhe dá na gana, sem ligar a quem quer que seja: obriga os senadores a aprovarem leis sem pés nem cabeça e aumenta em mais de 300 o número de membros do Senado (muitos deles, amigos). Em termos militares, sonha em conquistar o reino dos partos (região entre o mar de Aral e o mar Cáspio) para formar uma nova monarquia mundial. Antes de iniciar a nova campanha militar, no dia 15 de Março de 44 a.C., é assassinado com 23 facadas, nas escadarias do Senado, por um grupo de 60 senadores, liderados pelo seu filho adoptivo, Marcus Julius Brutus. Embrulhado na sua toga na tentativa (vã) de afastar os conspiradores, Júlio César vê Brutus e solta a famosa frase: Tu quoque, Brutus? Bruta é a forma como Artur é humilhado na praça pública. Há quem escreva isto: “Artur aceitou o Ice Bucket Challenge e despejou um balde de água fria na cabeça de 6 milhões de benfiquistas.”

Campeão nacional com 1165 minutos (longe dos 1355 do titular Oblak), o guarda-redes brasileiro comete um grave deslize com o Sporting que permite o 1:1 de Slimani. Não é o primeiro nem será o último? Tem a palavra Jesus. Ainda joga no Bonfim (5:0 para o Benfica) e depois é substituído por Júlio César, 87 vezes internacional brasileiro e número um de Mourinho no Inter em 2009-10, época do triplete (Serie A, Coppa e Liga dos Campeões). Conhece bem a realidade portuguesa e, veja bem, até acumula derrotas no Dragão (2:0 de Materazzi e McCarthy) e em Alvalade (1:0 de Caneira). Durante quatro épocas, Júlio César acumula 57 jogos e é tricampeão nacional.

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