Great Scott #158: Quem é o inglês que se recusa a bater um penálti vs Alemanha no Mundial-90?

Great Scott Mais 11/12/2020
Tovar FC

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Great Scott #158: Quem é o inglês que se recusa a bater um penálti vs Alemanha no Mundial-90?

Gascoigne

A sua vida merece um livro. E um filme. É uma figura por si só. Em 1988, está perto pertíssimo do Manchester United. “O Alex Ferguson queria-me a todo o custo. Telefonei-lhe e combinámos assinar o contrato numa bela tarde de Verão. Eu era do Newcastle, estava de férias e ia ter com Sir Alex a Old Trafford. Mas fui parar a Londres, ao Tottenham. Quando somos novos, não pensamos com muita clareza. O Chris [Waddle] ligou-me a dizer que o Tottenham é que era, que íamos lá passar grandes momentos juntos. Depois o Terry [Venables] ligame também, a dizer que me punha na selecção daí a três meses. Na verdade foram só dois. Olha, fui para o Tottenham. Imagino a cara de Sir Alex.”

Mais à frente, já como emigrante de luxo. “Na Lazio, fiz o meu pior jogo de sempre. Não que tenha cometido erros ou coisa que o valha. Simplesmente não toquei na bola. Foi um Milan-Lazio. Aos dez minutos fizemos o 1-0. E eu pensei “estamos a controlar”. Acabou 5-1. Fomos completamente demolidos. Eu saí de Milão assustado com eles. Se me perguntassem quais foram os melhores jogadores que vi jogar em Itália, diria Gullit, Van Basten, Rijkaard, Maldini e Baresi. E todos eles jogavam juntos nesse Milan.”

Mais à frente, na selecção inglesa. “Euro-96, meia-final com Alemanha. Falhei um golo no prolongamento, com a baliza aberta. Cheguei um centímetro. Nem isso, foi isso sim um milímetro mais tarde que a bola. Se ali estivesse um Shearer ou um Lineker, era golo. Porque eles têm o instinto matador e eu não era assim tão intuitivo dentro da área. Um segundo de hesitação custou-nos a final.” Por entre essas aventuras, Gascoigne joga o Mundial-90. É uma aposta (certa) de Bobby Robson. A atitude de Paul em campo é a de elevar o jogo da Inglaterra para níveis nunca mais vistos – vá, excepção feita ao Mundial-2018.

A fase de grupos é insossa. Daí para a frente, a Inglaterra é curtida e o 3:2 vs Camarões é um hino ao futebol de ataque. Com participação activa de Gascoigne. Na meia-final, em Turim, a Alemanha é a Alemanha e ganha nos penáltis. Antes do desempate, Gazza sofre a maior desilusão da vida desportiva quando o árbitro brasileiro Wright mostra-lhe o amarelo aos 99 minutos. É um cartão proibido, que o afasta de uma eventual final. O mundo é cruel, Gascoigne está completamente destruído. Vai daí, diz a Bobby Robson para saltar a parte dos penáltis. O seu é (seria) o terceiro. Encarregar-se-á Platt. Com êxito. Ao contrário de Pearce e Waddle.

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