Great Scott #282: Qual é a eliminatória mais longa de sempre da Taça de Portugal?
Beira Mar vs Leixões 1965-66
O ano 1966 marca a epopeia dos Magriços em Inglaterra, como Eusébio a marcar mais que toda a gente. Nove golos ao todo, dos quais quatro vs Coreia do Norte nos ¼ final em Liverpool, no estádio do Everton.
Antes, ligeiramente antes, o Sporting cumpre a tradição de ganhar a 1.ª divisão em ano de Mundial (1958, 1962, 1966, depois 1970, 1974) e a final da Taça de Portugal reúne duas equipas não grandes. De um lado, o Braga. Do outro, o Vitória FC. Decide um golo do argentino Perrichon a favor do Braga.
Para chegar à final, o Braga elimina Benfica e Sporting. Já o Vitória faz a cama ao Beira-Mar para viajar ao Jamor. Antes, Beira-Mar e Leixões provocam a maior maratona de sempre na Taça de Portugal, com um total de 480 minutos espalhados por quatro jogos. Nos dois primeiros, ambos 90’, o resultado é o mesmo de 1:1, tanto em Aveiro como em Matosinhos.
À falta de penáltis, recorre-se a um terceiro jogo em campo neutro. Escolhe-se São João da Madeira no dia 20 Abril. No final dos 90’, outro 1:1 por Gaio e Esteves. No prolongamento, o Beira-Mar adianta-se aos 102’, o Leixões responde aos 112’. O árbitro Aníbal de Oliveira cumpre o regulamento e anuncia outro prolongamento de meia-hora. Se tudo continuar como está, há necessidade de quarto jogo.
E não é que há mesmo? Novamente em São João da Madeira, e no dia seguinte. O árbitro muda (Joaquim Campos), tal como as duas equipas. O desgaste provocado pelos 150 minutos na véspera num campo enlameado passa factura. Tanto Beira-Mar e Leixões alinham com reservas misturados com titulares. Há momentos de bom futebol. E golos, claro.
Aos 64’, Quim adianta o Leixões. Vinte minutos depois, Gaio empata e obriga o prolongamento. Aos 102’, penálti para o Beira-Mar por falta de Mata. Chamado a bater, Garcia atira e Rosas defende. Que momento. Aos 120’, continua o teimoso 1:1. Vamos para o segundo prolongamento e é aí que se regista o bis de Gaio aos 142.
Para dar mais espectacularidade ao último jogo, vale dize que o Leixões joga com dez elementos desde os 40 minutos por lesão de Peixoto, vítima de um traumatismo craniano. Que saga.