Great Scott #484: Único homem a treinar 41 vezes a mesma equipa?
Dimas Filgueiras
O passado de Dimas é curioso. Carioca de gema, nascido e criado no Rio de Janeiro, o homem faz-se lateral-esquerdo do glorioso Botafogo dos anos 60, ao lado de Garrincha, Nilton Santos e Zagallo. Nos treinos, leva baile do ponta-direita Garrincha. Nos jogos, marca Pelé. ‘Ao todo, 16 vezes’. O orgulho é indisfarçável. E então, quem é o melhor? ‘Garrincha era um absurdo, no seu cantinho. O Pelé jogava no meio de 20 pernas, era mais completo.’
Nos tempos livres, Dimas responde às cartas de Garrincha. Como é que é? ‘Como o Garrincha não sabia escrever, fui eu quem começou a dar vazão à enxurrada de cartas enviadas em seu nome para a sede do Botafogo. Posso dizer com propriedade que comecei a escrever o namoro com Elza Soares.’ Mais uma vez, o orgulho é indisfarçável.
Faz dois Jogos Olímpicos pela selecção brasileira, em 1960 (Roma) e 1964 (Tóquio). No início dos anos 70, sai do Botafogo e vai para o Fortaleza. Um ano depois, assina pelo Ceará. Estamos em 1972 e só em 2018 é que Dimas abandona o clube, ao fim de 46 anos. Faz de tudo, entre jogador, massagista, adjunto, treinador, supervisor, director, vice-presidente para a área social e presidente do Ceará numa ocasião em que o verdadeiro presidente negoceia jogadores fora do país. O futebol brasileiro é mesmo outra loiça.
Nesse parêntesis temporal de 1972 até 2018, Dimas é chamado 41 vezes para o cargo de treinador, umas vezes é aposta para começar a época, outras é chamado como 112, salvador da pátria – daí a alcunha de ‘soldado alvinegro’. Ao todo, Dimas faz 507 jogos como treinador e é ele quem apura o Ceará para as duas presenças internacionais, primeiro na Taça Conmebol 1995 (como vice-campeão da Taça do Brasil), depois na Copa Sul-americana 2011 (como 12.º classificado do Brasileirão).