Great Scott #516: Primeiro guarda-redes substituído a meio de um jogo de qualificação para o Mundial por perder as lentes de contacto?

Jim Leighton

O grupo 7 de qualificação para o Mundial-86 inclui quatro selecções. A favorita Espanha dá-se mal nas ilhas e acumula derrotas em Glasgow (3:1 vs Escócia) mais Wrexham (3:0 vs Gales). Mesmo assim, passa em primeiro e garante a ida ao México. O segundo classificado joga um play-off com o representante da Oceania.

Quis o destino Gales vs Escócia na última jornada, ambos com seis pontos – o empate beneficia a Escócia por vantagem na diferença de golos. Em Cardiff, a emoção é própria do momento transcendente. E Gales arranca mais determinado, com um golo de Mark Hughes aos 13 minutos. Até ao intervalo, a baliza escocesa é atacada de todas as maneiras e feitios com Jim Leighton completamente aos papéis.

Quando o árbitro holandês Keizer apita para o intervalo, o seleccionador Jock Stein está furioso com a exibição de Leighton e encosta-o à parede. O guarda-redes justifica-se com a perda de uma lente de contacto para sair mal nos cruzamentos e segurar as bolas só à segunda. Beeeem, o espanto de Stein é um poema. De imediato, o seleccionador vira-se para o adjunto e pergunta-lhe se sabe alguma coisa sobre as lentes de contacto do seu guarda-redes.

Ya, seu guarda-redes porque Leighton é elevado a titular do Aberdeen e depois é transferido para o Manchester United cortesia Alex Ferguson. Ya, o adjunto é Alex Ferguson. Ya, Alex Ferguson começa a ficar com as bochechas rosadas e contém o grito do Ipiranga. Quando Stein bate com a porta do balneário para dar a palestra, é a vez de Ferguson encostar Leighton à parede. ‘Vais ter muito que me explicar no final do jogo sobre o uso das lentes de contacto.’ Pois é, nem Stein nem Ferguson sabem das lentes de contacto.

Stein ainda pergunta a Leighton se pode tirar a outra lente e continuar a jogar ao que o guarda-redes responde impossível. Dá-se então uma substituição forçada, com a entrada do número 12 Alan Rough. A cartada sai bem à Escócia. Com a motivação extra da palestra e um guarda-redes 100% funcional, Gales é encostado à sua área e sofre o empate aos 80’ num penálti do suplente David Cooper.

Acontece então a tragédia, Stein sente-se mal perto do 90.º minuto e é levado pelos próprios médicos da selecção escocesa para o balneário. Ferguson mantém-se no banco de suplentes e nem vibra com o 1:1. O seu pensamento está com Stein e corre desalmadamente para o balneário. Cruza-se pelo caminho com Souness, capitão de equipa, ausente do jogo por lesão, e é ele quem lhe dá a notícia da morte do seleccionador. ‘Ele não resistiu’. As palavras de dor misturam-se com a alegria no relvado.

No tal play-off, Ferguson aposta em Leighton e a qualificação é assegurada com zero golos sofridos (2:0 em Glasgow, 0:0 em Melbourne). No Mundial, a Escócia perde os dois jogos, vs Dinamarca (1:0) mais RFA (2:1), e é eliminado com um empate vs Uruguai (0:0 a jogar com mais um durante 89 minutos).

Ferguson sai da selecção e assina em Novembro desse ano pelo Manchester United, onde puxa por Leighton em 1988, via Aberdeen. O guarda-redes é titular fixo até à final da Taça de Inglaterra 1990, vs Coventry. Em Wembley, 3:3 após prolongamento. Leighton hesita no momentâneo 3:2 de Ian Wright aos 92’ e é o fim da picada. Na finalíssima, cinco dias depois, o titular do United é Les Sealey, autor de três defesas importantes para manter o magro 1:0. Na festa, Sealey oferece a medalha de campeão a Leighton e este guarda-a no bolso. Quando lhe oferecem a medalha de campeão, Jim recusa-a

Leighton é abandonado por Ferguson, com muitos *#”%&//% pelo meio. A mulher do guarda-redes devolve-lhe a gentileza na mesma proporção de palavras indescritíveis e o guarda-redes só faz mais um jogo até ao final do contrato em 1992 – chega a ser quarto guarda-redes do plantel, atrás de Schmeichel, Wlash e Wilkinson, e é emprestado ao Arsenal, primeiro, e Reading, depois. Até hoje, Leighton usa lentes de contacto. Até hoje, Leighton nunca mais dirigiu a palavra a Ferguson. *#”%&//%