Great Scott #528: Única figura imortal da selecção inglesa convidada a sair da tournée dos Iron Maiden por excesso de speed?

Great Scott Mais 04/27/2022
Tovar FC

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Great Scott #528: Única figura imortal da selecção inglesa convidada a sair da tournée dos Iron Maiden por excesso de speed?

Gascoigne

Em 1980, com 13 anos de idade, Paul Gascoigne é apanhado na aula de geografia a praticar a assinatura nas folhas da professora, porque ‘ia ser um futebolista famoso’. A professora não se impressiona por aí além com a justificação e expulsa-o da sala. A remoque, diz-lhe: ‘Só um num milhão ganha a vida como futebolista.’

Pois bem, Gascoigne é um num milhão. Como futbolista e como entertrainer. Uma vez, já na Escócia, a meio de um Rangers 7:0 Hibernian, vê um cartão amarelo no relvado e corre a mostrá-lo a Doug Smith. Toda a gente se ri, entre companheiros, adversarios e adeptos. Todos, menos o árbitro. Recebido o cartão, Doug amarela Gascoigne.

Gascoigne vai ao Mundial Itália-90 e é a grande figura da Inglaterra, ao lado do goleador Lineker. Oito anos depois, é cortado por Glenn Hoddle à última hora para o França-98. É uma das maiores desilusões da carreira, a par do crónico historial de álcool e jogo. Dois vícios intragáveis, incomportáveis com a vida de um ser humano. Gascoigne sofre na pele e repete o movimiento anormal do cai, levanta-te, cai, levanta-te, cai levanta-te. A sua vida é uma série de bofetadas.

Às vezes, é o karma. Outras, é culpa própria. Como a vez em que chega a um acordo com Alex Ferguson para jogar no Manchester United. ‘No jogo seguinte, nós [Newcastle] perdemos 7:2 com o United e os adeptos pediram-me para assinar pelo Tottenham em vez do United. Pensei a sério e fui para o Tottenham, onde joguei com Waddle, um dos meus amigos de verdade no futebol. Anos depois, quis ir para o United e até liguei ao Bryan Robson, que estava curiosamente acompanhado por Alex Ferguson. A resposta foi um não, porque havia Cantona e não precisavam de mim.’

O mediatismo de Gascoigne dá-lhe muitas dores de cabeça. A comunicação social inglesa cai em cima dos heróis nacionais como abelha em mel e é uma eterna lua de fel. Em 2008, aos 41 anos, entre a separação amorosa e a respectiva recaída, Gascoigne decide acompanhar os Iron Maiden, de quem é fã há mais de uma década. O homem apanha um avião e desloca-se a Praga com a ideia de acompanhar os Iron Maiden até ao fim da digressão mundial ‘Somewhere Back in Time’. Só faltam seis concertos.

‘Ao quinto, eles desistiram’. Gascoigne dixit. ‘Muita gente compara a minha vida atribulada fora dos relvados à do George Best. Não me parece idêntico, porque Best foi uma estrela de futebol e fui só um jogador que bebia. Também me compararam com uma estrela de rock. Outra falsidade. As estrelas de rock divertem-se e drogam-se, mas não suportam os momentos mais baixos e, algumas delas, até se matam. Não me considero uma estrela de rock porque sou o mesmo para o bem e para o mal. E posso falar com conhecimento de causa sobre o assunto. Acompanhei os Iron Maiden em 2008.’

E então, e então? ‘O plano era ver seis concertos. Ao fim do quinto, eles disseram-me que já não me aguentavam. Se bem me lembro, a frase foi ‘Paul, nós somos pirados mas tu és mais que todos nós juntos. È impossível controlar-te’. Na verdade, estava sempre bêbado e nem me lembro de nenhum concerto inteiro. Acabei por falhar o último concerto deles, em Moscovo.’

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