Great Scott #565: Último golo de canto directo numa final europeia?
Rexach
Revisão da matéria dada: Morais 1964, Vado 1993, André Cruz 2000, Miguel Veloso 2009. Eis a história de Portugal na UEFA em golos de canto directo. O primeiro de todos, em Antuérpia, na finalíssima da Taça das Taças, vale uma música interpretada por Margarida Amaral e popularizada por Maria José Valério. Ei-la.
A terra estremeceu
e verde se tornou
o sonho aconteceu
um golo só bastou
Um golo do Morais
que não esquece mais
Vivó Sporting!
gritou a multidão em ovação
que teve a raça pra ganhar
a grande taça
Onze leões com um querer
de um só leão
com mil razões para vencer
do coração
Vivó Sporting!
que até contra o azar lutou com fé
e à portuguesa pôs na luta mais grandeza
Assim falou de Portugal às multidões
assim ganhou essa final de campeões
Pergunta de algibeira, é o de Morais o único golo de canto directo em finais europeias? Nem por isso. E é o último? Também não. É o primeiro, isso sim. Depois dele, só mais um, também na Taça das Taças, em 1969. Estamos no dia 21 Maio, em Basileia, na Suíça, onde o Barcelona já perdera a final da Taça dos Campeões 1961, vs Benfica, em Berna. Pois bem, a Suíça volta a dar azar para o Barcelona, e novamente por 3:2.
Desta vez, o adversário é o Slovan Bratislava, da Checoslováquia. No caminho para a final, elimina o FC Porto com pujança. À derrota magra por 1:0 nas Antas, responde com pompa e circunstância (4:0). Na final propriamente dita, a moldura humana é pobre. Num estádio com capacidade para 53 mil espectadores, só 19 mil aparecem. Surreal, a malta nada quer com a Taça das Taças – já o Sporting vs MTK 1964 fora assim; aliás, até pior, menos adeptos ainda.
Posto isto, o Slovan sai com a bola e marca o primeiro da noite aos 40 segundos. Joszef Capkovic remata contra o corpo do central Olivella e a bola sobra para o remate com efeito de Cvetler, sem hipótese para o desamparado Sadurni. Aos 19’, o Barcelona empata por Zaldúa, após assistência de cabeça de Rexach. Até ao intervalo, o marcador funciona mais duas vezes e ambas para o Slovan. Primeiro é o defesa Hrivnak numa arrancada desde trás e tabelinha com Jokl (29’). Depois é Jan Capkovic, irmão de Joszef, após falha de Olivella (42’).
Na segunda parte, o Barcelona entra com o português Jorge Mendonça (já vencedor da Taça das Taças pelo Atlético Madrid, com direito a golo e tudo). Aos 50’, Pellicer atira fortíssimo e Vencel defende para canto. Marca-o Rexach, no lado esquerdo do seu ataque e com o pé direito. A bola voa e ainda embate no poste antes de entrar. É o 3:2, fim de papo. O Slovan festeja o título, é o único da Checoslováquia na UEFA.
Cerca de mil adeptos checoslovacos invadem o campo para abraçar os seus heróis e a taça é entregue num ambiente de euforia controlada. Sete anos depois, o Slovan dá seis jogadores à selecção da Checoslováquia, campeã europeia naquela final resolvida nos penáltis vs RFA, em Belgrado. Aí, à falta de um canto directo, sobressai um penálti à Panenka.