Great Scott #607: Quem dá o nome ao bife à Stroganov?

Great Scott Mais 08/16/2022
Tovar FC

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Great Scott #607: Quem dá o nome ao bife à Stroganov?

Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna

A senhora chama-se Leonor de Almeida Portugal de Lorena e Lencastre (futura Marquesa de Alorna). Vive 88 anos, uma proeza no século XIX. Nesse considerável hiato temporal, Leonor leva uma vida deveras atribulada.

Para abrir o apetite, é feita prisioneira aos oito anos, juntamente com mãe e avó, no convento de São Félix em Chelas, por ser filha do D. João de Almeida (2.º Marquês de Alorna), suspeito do conhecimento do crime dos Távoras. A ira do Marquês de Pombal só lhe passa com a subida ao trono de D. Maria I. Aí, Leonor é libertada finalmente em 1777, aos 27 anos.

Na prisão, estuda as obras de Rousseau, Voltaire, Montesquieu, Diderot, entre outros, e dedica-se à composição de poesia, que lhe valerá uma obra da sua aujtoria chamada Poesias de Chelas. Além de escritora, é pintora e tradutora (domina admiravelmente quatro idiomas, com excelência no francês).

Em liberdade, Leonor demora dois anos a encontrar marido e casa-se em 1979 com Karl von Oyenhausen-Gravenburg. Vivem em Viena, por conveniência de trabalho miitar do brigadeiro. Lá, consomem o amor com filhos e mais filhos. Ao todo, oito. A terceira é Juliana Maria Louise Sofia Carolina von Oyengauzen, nascida em 1782.

Aos três anos, estabelece-se em Portugal por força do novo trabalho da mãe como dama de honor de Carlota Joaquina. Tal como Leonor, também Juliana faz-se mulher de letras. Só que sofre um desgosto enorme quando é obrigada a casar-se em 1800 com José Maria de Aires, conde de Ega e recém-empossado embaixador de português da corte espanhola em Madrid. É lá que Juliana encontra o verdadeiro amor, o barão Grigori Alexandrovitch Stroganov.

E agora? Grande cambalacho. Indiferente à opinião das pessoas reais ou surreais, Juliana torna-se mesmo amante de Stroganov. Até 1807, altura em que o casal regressa a Portugal, onde o conde de Ega recebe com entusiasmo as tropas de Napoleão e até faz parte do novo governo liderado por Junot, na organização de festas in. Coincidência das coincidências, Juliana encosta-se a Junot e torna-se sua amante oficial. E agora? Grande cambalacho, parte 2. A vida dá muitas voltas e o conde de Ega volta a sair de Portugal, novamente na companhia de Juliana, agora à pressa, até França, devidamente protegido por Napoleão a troco de uma pensão de 60 mil francos por ano.

O dinheiro não é tudo. Pensa Juliana. Executa Juliana. Em 1811, abandona o conde e corra para os braços de Stroganov, então a curtir o ambiente na Suécia. Dez anos depois, Stroganov é chamado pelo imperador Nicolau para trabalhar em São Petersburgo e faz-se acompanhar por Juliana – além da sua mulher, claro.

E agora? Grande cambalacho, parte 3. A sociedade daqui (de São Petersburgo) vai aos arames com o affaire e Stroganov convive com a crise na boa-vai-ela, sem ligar às coscuvilhices. Quando a mulher morre, em 1824, marca casamento com Juliana em 1827, na cidade de Dresden (capital da Saxónia). A cerimónia é mal vista pela sociedade.

Mais uma vez, Stroganov passa por cima desse pseudo-dilema com uma classe do além, até porque vive feliz com Juliana até ao fim dos seus dias, em 1857. Trinta anos de amor, os últimos cinco a comer bife à Stroganov. Como assim? O barão piora gradualmente de saúde e acaba por cegar. Nesses tempos, Juliana é quem lhe dá de comer e corta-lhe o bife às tirinhas. Lá está, bife à Stroganov.

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