#52 Sporting 1953-54

Mais Spider Pig 04/08/2023
Tovar FC

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#52 Sporting 1953-54

Tetra. Nunca visto – e só repetido pelo FC Porto no final do século, em 1998.

Tetra. Falamos do Sporting 1953-54, primeiro tetracampeão português numa época memorável em que também levanta a Taça de Portugal a eliminar os três grandes de seguida (Benfica, FC Porto, Belenenses) antes de despachar o Vitória FC no Jamor.

A história da 1.ª divisão é emocionante na primeira volta, depois é um passeio. Mal o Sporting acerta o passo, nunca mais larga a liderança e é campeão com inacreditáveis sete pontos de avanço sobre o FC Porto e 11 sobre o Benfica (é sempre bom insistir na ideia da vitória a dois pontos).

O Sporting é treinado, superiormente, aliás, pelo húngaro Szabo. Um homem com língua afiada, português macarrónico e motivador das massas, seja dentro ou fora do rectângulo de jogo. É ele quem substitui o inglês Randolph Galloway, o arquitecto do tri. A direcção contrata Szabo, uma espécie de regresso ao filho pródigo. Com ele, também chega o adjunto Tavares da Silva, ilustre jornalista e substituto de Álvaro Cardoso, o braço-direito de Galloway.

A outra novidade da pré-época tem a ver com a contratação de dois estrangeiros, o romeno Fabian (Cannes) e o húngaro Janos (Saragoça). Os dois, já trintões, emprestam uma dinâmica interessante ao onze e Fabian até marca na estreia, vs. Académica. Já a entrada de Janos no 11 é mais intempestiva, com direito a expulsão à 3.ª jornada, na Covilhã. O homem chateia-se à grande e à húngara com a dupla Carlos Ferreira e Martin. Vai daí, agride-os ao pontapé. Pormenor, 11 minutos de jogo. Só 11. Outro pormenor, o Sporting ganha 2:0. O árbitro Fernando Valério, de Setúbal, vê as agressões e indica-lhe o caminho do balneário. Com dez, o Sporting sofre dois golos antes do intervalo e segura muito a custo o ponto na Serra.

Duas semanas depois, o Sporting convive com outra expulsão, agora em Braga. É ele Travassos, pouco ou nada dado a actos de indisciplina. Pois bem, a brilhantina tolda-lhe o pensamento e agride Velez. O árbitro Reis Santos, de Santarém, nada vê. É um fiscal-de-linha a chamá-lo a atenção para o facto. Sem pestanejar, Reis Santos expulsa Travassos. Na altura, o Sporting já dera a volta ao marcador e está 3:1 no Campo 28 de Maio.

Multados e repreendidos ambos os jogadores pela própria direcção, o Sporting só se endireita a partir da 10.ª jornada, na ressaca da terceira e última derrota da época (Antas, Salésias e Tapadinha). O 2:1 vs. Oriental marca totalmente o antes e o depois com uma sequência de nove vitórias consecutivas mais 22:3 em golos. Neste aspecto, hat-tricks de Martins (em Guimarães) e Travassos (em Coimbra).

O título de campeão confirma-se a três jornadas do fim, em Marvila, no dia 25 Abril. Os sete pontos de avanço são mais que suficiente para cantar vitória e oferecer a Bola de Prata ao irresistível Martins, conhecido como o sexto violino e, daí a dois anos, o autor do primeiro golo de sempre nas provas da UEFA.

Pois bem, Martins acaba a 1.ª divisão com 31 golos, mais cinco que o portista Teixeira e sete que o benfiquista Águas. A confirmação é no último dia, com um bis no dérbi. Um bis a selar a reviravolta no marcador (3:2).

A Taça de Portugal começa na semana seguinte, como já é hábito. E o sorteio junta Sporting e Benfica. Jogam mais três vezes, duas no Jamor (os estádios dos dois clubes andam em obras) e a de desempate na Tapadinha. Ganha o Sporting por 4:2 e é de Martins (lá está) o último da tarde. Segue-se o FC Porto e Martins desbloqueia o impasse nas Antas com um bis (outro 4:2). Na ½ final, o Belenenses comete a proeza de ganhar 4:2 no Lumiar (outro bis de Martins). No Jamor, o Sporting dá um troco valente de 6:0.

A final vs. Vitória FC é no dia 27 Junho. O Sporting adianta-se por Martins e Mendonça. O Vitória FC, antepenúltimo nessa edição da 1.ª divisão, empata antes do intervalo com bis de Soares. Na segunda parte, aos 54’, Mendonça desata o nó e entrega a dobradinha ao Sporting. Que época memorável.

(a negrito, os jogos fora)

1.ª divisão

Académica             3:1     Martins / Fabian / Travassos

FC Porto              0:1

Covilhã                 2:2     Mendonça / Martins

Lusitano Évora     9:0     Mendonça-3 / Martins-2 / Juca / Juca / Serra / Coelho / Paola (pb)

Braga                    3:1     Martins / Vasques / Hugo

Vitória FC             2:1     Vasques / Martins

Belenenses           0:2

Boavista                2:1     Vasques / Galaz

Atlético                1:3     Vasques

Oriental                 2:1     Albano / Travassos

Vitória SC            5:1     Martins-3 / Travassos / Hugo

Barreirense            2:0     Martins / Travassos

Benfica                 2:0     Martins-2

Académica           2:0     Travassos-2

FC Porto               2:1     Travassos / Vasques

Covilhã                  7:0     Travassos-3 / Martins-2 / Mendonça / Vasques

Lusitano Évora    3:3     Martins / Juca / Vasques

Braga                     2:0     Martins / Mendonça

Vitória FC            4:1     Martins-2 / Mendonça / Hugo

Belenenses            4:0     Vasques-2 / Martins / Hugo

Boavista               3:1     Hugo / Vasques / Martins

Atlético                 7:0     Martins-5 / Mendonça / Orlando (pb)

Oriental                4:2     Martins-2 / Travassos / Vasques

Vitória SC             5:0     Martins-2 / Janos-2 / Vasques

Barreirense          1:1     Janos

Benfica                  3:2     Martins-2 / Janos

Taça de Portugal

Benfica                  3:2     Galileu / Travassos / Mendonça

Benfica                 1:2     Calado (pb)

Benfica                  4:2     Travassos / Vasques / Albano / Martins

FC Porto               1:1     Martins

FC Porto              4:2     Albano-2 / Martins-2

Belenenses            2:4     Martins-2

Belenenses           6:0     Travassos-2 / Mendonça-2 / Martins / Vasques

Vitória FC             3:2     Mendonça-2 / Martins

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