Great Scott #907: Melhor marcador do Europeu de hóquei em patins 1977?
Chana
O hóquei é a paixão do povo. Em igual medida à do futebol. Corre o Verão 1977, mês quente de Julho, e joga-se o Europeu no Porto. O pavilhão das Antas rebenta pelas costuras para receber os convocados de José Torcato entre figuras do nosso contentamento como Ramalhete, Livramento, Rendeiro, Sobrinho, Chana (o cinco do Sporting, então campeão europeu) e ainda o Cristiano.
Quando se chega ao último dia da competição, há um Portugal vs. Espanha. O favoritismo é português pelo factor casa e também pela regularidade (Portugal só tem vitórias – sete – e Espanha desliza duas vezes, vs Itália e Argentina). Ou seja, Portugal celebra o título europeu em caso de empate. É a Espanha a ir atrás da vitória.
Qual quê, a Espanha joga à defesa e raramente sai do seu cantinho. Portugal, entusiasticamente apoiado pelo público portuense, atira-se para a frente e chega ao intervalo a ganhar por 2:0. O primeiro golo da noite é de Livramento, o segundo é Sobrinho.
Para a segunda parte, Espanha entra na mesma como a lesma. E, claro, Portugal aproveita para dar espectáculo. Rendeiro marca o 3:0 de penálti, por falta do guarda-redes Trullols sobre o próprio Rendeiro. A bola vai ao mesmo, Portugal recupera e Chana atira cruzado para o 4:0.
Os espanhóis passam-se dos carretos e começam a fazer uma marcação individual cerrada. E brutalíssima. As faltas sucedem-se umas atrás das outras e agora é a vez de o público se empertigar com o estilo espanhol, aprovado pelo árbitro suíço Del Pedro.
A um minuto do fim, Ordeig engalfinha-se com Livramento. O espanhol dá-lhe com o stick no cotovelo. Livramento cai, atordoado. Quando recupera, levanta-se e vai ter com o agressor. Gera-se uma confusão grande, enorme, gigante, xxxxl. Os dois travam-se de razões, abraçados um ao outro. E, para piorar o cenário, entram adeptos em campo com a conivência da polícia – tal facto já acontecera num jogo a feijões desse Europeu entre Portugal e Alemanha. Na outra baliza, Vila Puig reduz para 4:1. O árbitro vai à mesa da organização e sanciona o golo. Beeeeem, é o fungagá da bicharada.
Faltam 34 segundos para o fim. E, acredite, esse tempo nunca será jogado. Porque o rinque está cheio de pessoas indevidas, ordinary people. A organização dá o (triste) espectáculo por finalizado e Portugal é coroado campeão europeu com 4:1. Na lista dos melhores marcadores, o rei é Chana.
Eis o top cinco dos goleadores
21 Chana (Portugal)
20 Livramento (Portugal)
13 Torres (Espanha)
11 Giralt (Espanha)
9 Marquis (França)