Great Scott #927: Quem é o primeiro a treinar os jogadores com equipamento do próximo adversário?
Fernando Vaz
É daqueles nomes intemporais do futebol português. Adjunto de Cândido de Oliveira no Sporting entre 1949 e 1951, Fernando Vaz assume finalmente o cargo de treinador principal em 1969. O seu nome é anunciado a 4 Julho, um dia revolucionário para o universo sportinguista.
No primeiro teste a sério, um torneio em Córdoba, o Sporting levanta a taça com 2:0 ao Betis, golos de Lourenço e Peres, ambos na segunda parte. No que à época desportiva diz respeito, o Sporting é campeão nacional a quatro jornadas do fim e chega à final da Taça de Portugal, perdida para o Benfica.
Na época seguinte, em 1970-71, o Sporting comete o maior hara-kiri da sua história. Líder isoladíssimo ao fim da primeira volta, com quatro pontos de avanço sobre Académica, cinco sobre Vitória FC e seis sobre Benfica, o onze de Fernando Vaz faz-se à estrada como se fosse um mero pró-forma. Logo a abrir, em casa, vs. Barreirense, último classificado e sem qualquer ponto fora do Barreiro, o Sporting perde 1:0. Seguem-se uma série de pontos perdidos aqui e ali, com especial destaque para o cabaz na Luz (5:1).
Sempre com o Benfica a ameaçar o primeiro lugar, o Sporting ainda ganha a Taça de Honra e, depois, a Taça do Emigrante no primeiro dérbi realizado no estrangeiro, mais precisamente em Paris, por altura da Páscoa. Nem assim. O Sporting abana por completo e o Benfica ultrapassa-o com relativa facilidade – ao ponto de se sagrar campeão a duas jornadas do fim.
O ciclo Fernando Vaz tem ainda mais uma época, até porque o Sporting 1970-71 ganha forças para golear o Benfica por 4:1 na final da Taça de Portugal. Na época 1971-72, o nome de Fernando Vaz desaparece do mapa sportinguista em Fevereiro com um empate a zero na Tapadinha, vs. Atlético. Substitui-o Mário Lino até ao final da época.
Seja como for, o tal regresso de Fernando Vaz ao Sporting entre 1969 e 1972 é válido pelo título de campeão em 1970 e também pela Taça de Portugal 1971. Sem esquecer – e eis o ponto de maior interesse revolucionário – a mania de treinar com equipamentos do próximo adversário. Verdade, é uma moda de Vaz: no treino conjunto às quintas-feira, o homem divide o plantel em dois para a peladinha: uma equipa joga de branco e verde, a outra veste as cores do rival.
