Great Scott #589: Primeiro golo da Taça Intercontinental em directo na RTP?

Puskas

Domingo, 4 Setembro 1960. A RTP abre às 17 horas e interrompe a emissão às 1830. O segundo período inicia-se às 2115 com o Telejornal às 2117. Cinco minutos depois, entra em cena o programa ‘Os factos da actualidade nacional’. E, às 2130, toma lá uma transmissão da Eurovisão a partir do Estádio Chamartín, com o Real Madrid vs Peñarol para a 2.ª mão da Taça Intercontinental.

Quem sintoniza a tempo e horas, vê o primeiro golo de sempre da RTP (e da competição) aos dois minutos. É obra de Puskas, num remate à entrada da área, após uma troca de passes ao primeiro toque entre Del Sol, Di Stéfano e o próprio Ferenc. Bola ao meio e 2:0, por Di Stéfano. Quer dizer, o remate é de Puskas (mais uma vez), a bola toca na perna do argentino e muda completamente de direcção. Aos 8’, um livre directo de Puskas garante o 3:0. Ainda antes do intervalo, 4:0 de Herrera.

No reinício, um chapéu de aba larga de Gento anima ainda mais as gentes de Madrid e o golo de honra do Peñarol só chega aos 80’, pelo inevitável Alberto Spencer, ainda hoje o melhor marcador da Libertadores. Com 0:0 em Montevideo e 5:1 em Madrid, o Real levanta a taça com toda a glória.

Curiosamente, o jogo seguinte da Taça Intercontinental transmitido em directo pela RTP também mete o Peñarol, na madrugada de 13 Dezembro 1987, vs FC Porto. Quase 40 anos depois, as regras da competição mudam consideravelmente e já nem existe o factor casa. A partir de 1980 é em Tóquio e passa a ser Taça Toyota, com a oferta de um carro da marca japonesa ao melhor em campo. A transmissão televisiva começa às 0250 da manhã, após o programa ‘Cinema da meia-noite’ com a exibição do ‘Pânico em Needle Park’ com Al Pacino e Kitty Win.

Da dependência de heroína à substância de 22 heróis à neve, a final é um hino à resistência. Ganha o FC Porto por 2:1, após prolongamento. Gomes marca, Viera empata, Madjer decide (e leva o Toyota).