Great Scott #852: Quem sofre o primeiro golo de Eusébio em Portugal?

Bastos

A estreia de Eusébio em Portugal é todo um acontecimento. Já campeão nacional, aliás bi (pela primeira vez desde 1943), e a caminho da primeira final europeia, vs. Barcelona, o Benfica prepara uma grande festa para a estreia do jogador mais badalado dos últimos cinco meses.

Sim, cinco meses. Eusébio chega a Portugal em Dezembro 1960 e o seu caso arrasta-se até 13 Maio, dia em que a federação decide a favor do Benfica em troca de uma indemnização de 400 contos ao Sporting de Lourenço Marques pelo envio da carta de desobrigação. A uma semana da tal final europeia, o Benfica convida o Atlético para um jogo particular a uma terça-feira à noite.

O preço dos bilhetes varia entre os dez escudos (sócios) e os 35 (central). Só para se entender a dinâmica da coisa, um jornal desportivo custa um escudo àquela época. O programa de festas inclui jogo de juniores entre Benfica e Belenenses às 20 horas, cerimónia de entrega das faixas de campeão aos (bi)campeões às 2130 e a apresentação de Eusébio às 2145. Às 2156, mais minuto menos minuto, Eusébio despede um remate de fora da área e assinala o 1:0. É o seu cartão de visita, um olá tímido.

O Atlético reage e dá a volta, por Pedro Silva (15’) e Angeja (36’). O Benfica só empataria aos 76’, de penálti, transformado por Eusébio. E o hat-trick aparece aos 87’ antes de Mendes fixar o 4:2. No final, Eusébio nem cabe em si de contente. ‘Sabe, cheguei muitas vezes a desanimar, julgando que nunca conseguiria pisar este estádio, com público nas bancadas.’ Perguntam-lhe sobre o hat-trick. ‘Poderia ter feito melhor, o terreno estava muito molhado.’

Na baliza do Atlético, um senhor guarda-redes chamado Bastos. Curiosamente, ex-Benfica. ‘Vai singrar, por certo, e é um óptimo reforço para o Benfica.’ Pois é.