Great Scott #46: Quanto tempo demora o monólogo mais célebre de Trapattoni no Bayern?

Great Scott 06/09/2020
Tovar FC

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Great Scott #46: Quanto tempo demora o monólogo mais célebre de Trapattoni no Bayern?

190 segundos

Inesquecível, o 10 Março 1998. Na ressaca da terceira derrota seguida na liga alemã (Hertha em Berlim, Colónia em Munique e Schalke em Gelsenkirchen), o Bayern entra em depressão. As críticas voam de um lado para o outro, o culpado é sempre o mesmo: Giovanni Trapattoni. O italiano entra em acção e dá-se aquela que é conhecida como “a mais breve conferência de imprensa na história da Bundesliga”. Ao todo, três minutos e dez segundos. É um monólogo emocionante com alguns murros na mesa e subidas vertiginosas de tom. Trap mistura o seu alemão ainda básico com o italiano e sai de cena. Resultado: o Bayern ganha a Taça da Alemanha (2:1 vs Duisburgo). Consequência: Trapattoni transforma-se num herói nacional e é eleito o homem do ano na Alemanha pela sinceridade e emoção demonstradas numa altura em que o país atravessa uma profunda crise de identidade. Tanto assim é que se fazem estudos sociológicos em que o resultado apresentado à sociedade é que a Alemanha é demasiado ‘Strunz’ e precisa de se afirmar como ‘Trapattoni’ para encarar com pragmatismo os compromissos do futuro.

Eis o monólogo

“Há neste momento nesta equipa, oh, alguns jogadores, que se esquecem que são profissionais. Não leio muitos jornais, mas ouvi algumas situações.

Um. Que não jogamos ofensivamente. Não há nenhuma equipa alemã que jogue tão ofensiva e com jogadores tão ofensivos como nós! No último jogo tínhamos três avançados em campo: Elber, Jancker, depois Zickler. Não podemos esquecer Zickler, ele é um avançado, mais Mehmet [Scholl] mais [Mario] Basler. São claras estas palavras? É possível compreendê-las. Obrigado. Ofensivo, ofensivo é como se joga em campo Dois. Eu falei com estes jogadores: depois de Dortmund, talvez precisassem de 45 minutos de repouso. Observei outras equipas europeias depois desse dia. Observei dois dias de treino. Um treinador não é um idiota! Um treinador vê o que se passa em campo. Nesse jogo houve dois, três ou quatro jogadores que foram fracos como uma garrafa vazia. Viram, quarta-feira, a equipa que jogou? Jogou Mehmet, jogou Mario ou jogou Trapattoni? Estes jogadores falam mais do que jogam! Sabem a razão pela qual as equipas italianas não compram estes jogadores? Porque já vimos demasiados jogos como este! Não são jogadores para campeões italianos! Strunz? Strunz está cá há dois anos, jogou dez jogos, está sempre lesionado! Que percebe Strunz? Na época passada fomos campeões com Hamann e Nerlinger. Estes jogadores foram jogadores e tornaram-se campeões! Ele está sempre lesionado! Jogou 25 jogos nesta equipa, neste clube! Tem de respeitar os outros colegas! Tem colegas maravilhosos e põe-nos em causa! Eles não dizem nada, mas eu sei o que pensam destes jogadores. Agora, quero dizer que, no sábado, estes jogadores têm de ganhar o jogo sozinhos! Estou aborrecido com isto, sou quase um pai para estes jogadores, defendo-os sempre! Sempre acarretei as culpas por estes jogadores! Um é Mario, um, o outro é Mehmet! Strunz também, igual, que só 25% dos jogos. Eu tenho pronto!” [acaba com um caótico ‘Ich Habe Fertig!’, traduzido à letra dá ‘eu tenho pronto!’]

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