Great Scott #59: Quem é o suplente a marcar o golo mais rápido em finais europeias?
Zola
A imagem é sobejamente conhecida. Zola ao lado de Maradona. É a magia do Sporting-Nápoles em Setembro 1989, para a Taça UEFA. É o célebre jogo em que o presidente pede 30 mil contos pela transmissão em directo e a RTP. ‘Não haverá transmissão TV para o Continente. Quem quiser circo tem de pagar aos palhaços.’
Zola ainda é um miúdo, ex–apanha bolas no San Paolo e recém promovido ao plantel sénior. Maradona já é o maior da aldeia. Como quer sair de Itália (o convite do Marselha é o mais aliciante), balda-se por completo aos treinos da pré-época. Quando aparece finalmente às ordens do treinador Bigon, está feito uma bola. O aparato no Aeroporto da Portela é um mimo, cheio de jornalistas, uns apoiados nas máquinas fotográficas, outros de gravador em riste. Quando a ficha de jogo é entregue, o desânimo é colectivo: Maradona no banco, com o número 16. O 15 é Zola. Acaba 0:0. Maradona entra aos 70 minutos e, depois, troca de camisola com o capitão sportinguista Carlos Manuel. Já Zola nem sai do banco.
Nove anos depois, Zola continua no banco. Agora do Chelsea 1997-98, treinado por Gullit até Fevereiro e Vialli até Maio. O italiano ganha Taça da Liga (2:0 ao Middlesbrough, após prolongamento) mais Taça das Taças (1:0 ao Estugarda). Em Solna, nos arredores de Estocolmo, a final europeia é tudo menos vibrante. Pela falta de ousadia das equipas, ambas em quarto lugar nos respectivos campeonatos, e pela falta de público. O que é natural se atendermos ao facto de o Estugarda só querer mil bilhetes dos 12 mil colocados à sua disposição. A escassez de voos da Alemanha até à Suécia provoca o desinteresse. Adiante.
O nulo é teimoso. Dura até ao intervalo. E um pouco mais. Aos 70 minutos, Vialli tira o norueguês Flo e inclui o compatriota Zola. Doze segundos depois, a Taça vira Coppa. Um toque de magia de Zola faz dele o suplente mais eficaz de sempre em finais europeias e garante a segunda Taça das Taças ao Chelsea – a primeira é de 1971, vs Real Madrid. Um toque de magia Zola derruba por tão-só quatro segundos o recorde de Ricken, estabelecido na época anterior durante o Dortmund-Juventus da Liga dos Campeões.