Braga, a única vitória da Itália
O embaraço é gigante. A anfitriã Itália é eliminada pela Bélgica na fase de grupos e perde o acesso à final, vs RFA. O árbitro desse jogo sem golos em Roma é o português António Garrido. Chovem críticas, sobretudo em relação à idade avançada de alguns jogadores, como Zoff. O que faz o seleccionador Enzo Bearzot? Nada, é como se as críticas chovessem no molhado.
Na qualificação para o Mundial-82, a Itália acaba em segundo, atrás da Jugoslávia e à frente de Dinamarca, Grécia e Luxemburgo. As críticas continuam num ritmo vertiginoso. Que comecem os jogos particulares. O primeiro é em Paris, 2:0 para a França. O segundo é em Leipzig, 1:0 para a RDA. O terceiro é em Genebra, 1:1 vs Suíça. Uyyyyyy, o clima vai de mal a pior. Bearzot está meeeesmo debaixo de fogo.
Só falta um quarto e derradeiro teste, o do 1.º Maio, com a equipa sensação dessa época. Finalista vencido da Taça de Portugal (4:0 vs Sporting, no Jamor) e sétimo classificado da 1.ª divisão, o Braga de Quinito empenha-se a fundo para piorar a crise da Itália. Na primeira parte, Tardelli acerta uma bola na barra (10′), Zoff empenha-se para impedir um golo de cabeça de Malheiro (11′) e João lança-se aos pés de Cabrini (37′). Na segunda, o guarda-redes suplente Valter defende um cabeceamento de Rossi e é tudo. Ou não? Pelo meio (39′), Graziani faz o golo solitário. A Itália ganha, mas sofre. As críticas, sempre as críticas.
Bearzot impõe silenzio stampa. Ou seja, black-out. Isto é, a lei da rolha. Ninguém fala com os jornalistas, sejam italianos, portugueses, brasileiros ou ET’s. Ninguém, ninguém. Um mês depois, a Itália é campeã mundial. O capitão é Zoff, ainda hoje o mais velho a levantar a taça, aos 42 anos de idade.