Great Scott #69: Qual a frase completa de José Torres antes de Estugarda?
“Matematicamente, a qualificação ainda é possível, embora só um milagre nos levará ao México. Mas deixem-me sonhar. Deixem-me, ao menos, sonhar mais um pouco.”
A precisar de ganhar descansadamente para encarar o jogo decisivo com a RFA, quatro dias mais tarde, Portugal vê-se aflito para derrubar Malta num jogo de fraquíssima qualidade técnica na Luz (3:2). A inépcia dos malteses contagia os portugueses, como se constata no golo de Frederico na própria baliza. O importante é ganhar para continuar a pensar no Mundial-86 e Portugal só consegue os desejados dois pontos a oito minutos do fim, quando Gomes aproveita uma saída extemporânea do guarda-redes maltês e finaliza como deve ser.
E é aqui que nasce a célebre frase de José Torres: “Matematicamente, a qualificação ainda é possível, embora só um milagre nos levará ao México. Mas deixem-me sonhar. Deixem-me, ao menos, sonhar mais um pouco.” O milagre tem a ver com uma vitória na RFA e ainda a derrota da Suécia em Praga. Muito bem, de acordo. Vamos sonhar. Que a Checoslováquia ganhe à Suécia. Que ganhamos à RFA. Que vamos ao México.
Meu dito, meu feito. À tarde, a Checolosváquia ganha 2:1. E à noite? Que dia, que alegria, que emoção, que sonho. O marcador electrónico dá o onze português só com apelidos: 1 Bento, 2 Pinto, 3 Inácio, 4 Venâncio, 5 Rosa, 6 Santos, 7 Bargiela, 8 Veloso, 9 Gomes, 10 Pacheco e 11 Fernandes. Resolve um golão de Santos após cavalgada irresistível desde o meio-campo e, depois, a palavra de ordem: resistir.
Com os postes a ajudar em duas ocasiões (Briegel 80′, Meier 87′), Portugal garante o impossível 1-0 naquela que é a primeira derrota da RFA em casa na qualificação para os Mundiais, entre 36 vitórias e quatro empates. Ramalho Eanes, então Presidente da República, envia um telegrama: “Quero felicitar-vos pelo comportamento brioso. Felicidades para o México, onde se espera e deseja comportamento idêntico dos selecionados de Portugal.” Errrrrrr. Adiante.