Great Scott #107: Quem é o primeiro brasileiro a sagrar-se melhor marcador da 1.ª divisão portuguesa?
Edmur
Edmur Pinto Ribeiro. Decore este nome porque é uma espécie de D. Afonso Henriques. Primeiro conquistou Guimarães, depois Portugal. À conta de 25 golos em 26 jogos na época 1959/60, que lhe permitiu ser o primeiro brasileiro de sempre a sagrar-se melhor marcador da 1.ª divisão nacional, à frente do sportinguista Fernando (23), do benfiquista José Augusto (19), do belenense Matateu (16) e do portista Humaitá (10).
Avançado com provas dadas no Brasil, com golos e mais golos em todos os clubes por onde passou (Flamengo, Portuguesa, Vasco da Gama e Náutico), Edmur já tem 29 anos quando se transfere para o Vitória, recém-promovido à 1.ª divisão, por obra e graça de um familiar de um dirigente vimaranense de férias no Recife, onde joga o Náutico. O Vitória propôs-lhe um contrato vantajoso de 3500 contos mais 100 contos de luvas, mas nem foi só isso que o fez dizer “sim”.
Para Edmur, a família (mulher e três filhos) estava em primeiro lugar. “A condição que exigi para assinar era a da presença da minha família sempre ao meu lado.” A viagem lá se fez, de Recife para Lisboa, com escala em Dakar [Senegal]. “Naquela altura era assim e a viagem durou 22 horas”, justificou o goleador ao jornal “A Bola”. Edmur aterra em 1958 e causa sensação com 17 golos em 23 jogos mas o melhor estava por vir.
Em 1959/60, foram 25 golos (dois ao Benfica, um ao FC Porto e outro ao Sporting) em 26 jogos que lhe permitiram ganhar a Bota de Prata, prémio instituído por “A Bola” para o melhor marcador. Essa Bota está hoje na Sala Edmur, a de troféus do Vitória, oferecida pelo filho do herói brasileiro, falecido em 2007. Na ressaca de Edmur, seis outros brasileiros repetiram o feito da Bota de Prata: Azumir (FCPorto), Paulinho Cascavel (Vitória SC + Sporting), Jardel (FCP + Sporting), Liedson (Sporting), Nené (Nacional), Hulk (FCP), Jonas (Benfica) e Carlos Vinícius (Benfica)