Messi, 20 anos em Barcelona

Kali Ma Mais 09/17/2020
Tovar FC

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Messi, 20 anos em Barcelona

Setembro, dia 17. Estamos em 2000. No aeroporto El Prat, em Barcelona, aterra um avião de Buenos Aires. Lá dentro, um miúdo de 13 anos acompanhado pelo pai Jorge. Chama-se Messi, Lionel (em homenagem a Lionel Richie) Messi. Os seus números de 234 golos em 176 jogos no Newell’s Old Boys atravessam o Oceano Atlântico, o seu talento também.

O dia 18 é para descanso da família.

Setembro, dia 19. Ainda estamos em 2000. O Barcelona vai à Turquia e perde de forma escandalosa por 3:0 vs Besiktas, para a fase de grupos da Liga dos Campeões. O onze apresenta jogadores do nosso contentamento como o português Simão, os holandeses Overmars mais Kluivert e ainda o brasileiro Rivaldo.

Muitos quilómetros para a esquerda (num planisfério, digo), precisamente em Barcelona, há um jogo especial. De um lado, os infantis A. Do outro, os infantis B. Diz Piqué. ‘Parecíamos um cachorro a olhar para um caniche. O jogo foi marcado para testar um miúdo chamado Messi. Ele era baixo e não falava com ninguém. Uns largos minutos depois, ninguém podia imaginar o que se tinha passado: o miúdo marcou seis golos e ainda atirou duas bolas ao poste. Quem o estava a marcar? Eu.’ Confirma-se aí o duplo estatuto de génio e figura.

Setembro, dia 19. Já estamos em 2020. O Barcelona apresenta todos os jogadores aos milhares de sócios e adeptos em Camp Nou por ocasião do Torneio Joan Gamper. Um deles é Nélson Semedo, sim. Outro é Trincão, também sim. O maior da aldeia chama-se Messi. O homem cresce, evolui e faz-se uma figura lendária do Barcelona. E até do futebol mundial. Nada comparado (ainda) ao Joan Gamper.

Pois, Joan Gamper é ainda (e siempre) o maior aldeia. Eis a história cativante. Joan Gamper, jovem suíço com gosto pelo futebol, chega a Barcelona em 1898. No ano seguinte, publica um anúncio na revista “Los Deportes” e incentiva mais pessoas a juntar-se-lhe para criar uma equipa que anime os fins-de-semana. A reunião tão ansiada só chega a 29 Novembro 1899, no ginásio Solé.

Lá, Gamper e mais 11 homens fundam o FC Barcelona. Dizem eles. Quase sem querer, uns jornalistas do “La Vanguardía” descobrem que um grupo de jovens estudantes ingleses, uns vestidos de azul, outros de encarnado, faz dois jogos no final de Janeiro 1895. Isto é, quatro anos antes de Gamper. O embrião do suíço foi a Sociedad de Football de Barcelona. Como informa o “La Vanguardía” na sua edição de 28 Janeiro 1895, “de azul, os senhores Joggon, Rewes (capitão), Barrie, Heather, W. Parsons, H. Morris, Hichs e Suñé; de encarnado, os senhores Brown, Pownall (capitão), J. Parsons, S. Morris, Hencke, Richardson e Serra”.

Estes 16 futebolistas inauguram o Velódromo de Bonanova e estão longe de saber que iriam ser os precursores de uma das mais grandiosas e reconhecidas marcas desportivas do mundo. A crónica reza então que as chuvas dos últimos dias deixaram o campo mais empapado. “Apesar desta adversidade da natureza, alguns jogadores fizeram-se aplaudir pela boa técnica em conduzir a bola e em especial os ‘guardadores da baliza’ que defenderam como puderam a entrada da bola.”

O jogo acaba 4:1 favorável aos azuis, com golos de W. Parsons (3) e H. Morris. Pelos encarnados, marca S. Morris. É apalavrada uma desforra, na semana seguinte, a 1 Fevereiro 1895. Nessa ocasião, o cronista é o mesmo do jogo anterior e escreve com mais entusiasmo. “Isto é o foot ball association, que nada tem a ver com o foot ball rugbi. O rugbi é jogado com uma bola oval que os jogadores transportam com as mãos ou com os pés; o association é estritamente proibido jogar-se com as mãos, só valem lances com os pés.”

Ah, então está explicado, deve ter sido daqui que Cruijff vai beber, e depois Rijkaard, e depois Guardiola, e depois Vilanova, and so on and so on. De volta ao passado, aqueles jovens de maioria britânica levam tão a sério aqueles dois particulares que elegem William Wyndham, cônsul inglês em Barcelona, como presidente do novo clube. O problema é que nunca tomam o passo seguinte, o de constituir o clube como entidade. Quem se aproveita desta distracção é Joan Gamper, que reúne pessoas interessadas no futebol e funda o FC Barcelona.

Neste grupo de pioneiros, apresentam-se ao serviço John e William Parsons mais Samuel e Henry Morris, todos protagonistas do tal encontro da Sociedad de Football de Barcelona. Em 1902, o empresário catalão Carles Padrós funda o Real Madrid (isto das ironias da vida tem o que se lhe diga) e impulsiona o primeiro torneio de âmbito nacional para celebrar a coroação do rei Afonso XIII. Depois de convencer a Câmara de Madrid a aceitar na colaboração da organização desta competição, convida as equipas mais representativas de Espanha para um campeonato. O Real Madrid é o primeiro inscrito. Depois aparecem o New, também de Madrid, o Barcelona e o Espanyol, da Catalunha, e o Athletic e o Bilbao, ainda por se fundir, do País Basco.

Na ½ final, o Barcelona vence o Real Madrid por 3-1, com dois golos de Steinberg e um terceiro do fundador Gamper, de penálti. Na final, 2-1 ao Athletic. O herói é um tal Parsons e no onze aparecem velhos conhecidos como S. Morris, J. Morris e E. Morris. Todos vestidos de vermelho e azul. Faz lembrar alguma coisa, não? Será o Chaves? Náaaa, é o Felgueiras! Olha, afinal, é o Barcelona. O de Gamper e, vá, Messi.

Só por isso, os recordes de Messi ao serviço do Barcelona

6 Mais Bolas de Ouro, como melhor jogador do mundo

6 Mais Botas de Ouro, como melhor marcador da Europa

5 Mais golos num só jogo da Liga dos Campeões

8 Mais hat-tricks na Liga dos Campeões

68 Mais golos na fase se grupos da Liga dos Campeões

15 Único jogador a marcar em Ligas dos Campeões seguidas

7 Mais títulos de melhor marcador espanhol

444 Mais golos na Liga espanhola

14 Mais golos na Supertaça espanhola

50 Mais golos numa edição da Liga espanhola

107 Mais bis na Liga espanhola

36 Mais hat-tricks na Liga espanhola

8 Mais hat-tricks numa edição da Liga espanhola

485 Mais jogos como estrangeiro na Liga espanhola

35 Mais golos em casa numa edição da Liga espanhola

24 Mais golos fora de casa numa edição da Liga espanhola

13 Mais jogos seguidos a marcar fora de casa na Liga espanhola

361 Jogador com mais vitórias na Liga espanhola

6 Mais golos em finais da Taça do Rei

24 Mais golos como suplente na Liga espanhola

27 Mais golos no clássico vs Barcelona

25 Mais golos no dérbi vs Espanyol

9 Mais golos no Torneio Joan Gamper

34 Mais troféus conquistados como jogador do Barcelona

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