Great Scott #122: Quem é o primeiro jogador do mundo a usar chuteiras brancas?
Ball
O Benfica de Artur Jorge entra directamente na fase de grupos da Liga dos Campeões 1994-95 e dá-se bem, muito bem: zero derrotas, três empates fora e três vitórias na Luz. Com a qualificação assegurada para os ¼ final, vem aí o Milan. Um bis de Simone decide a 1.ª mão no Giuseppe Meazza. Na Luz, os italianos defendem o 0:0 com aquela teimosia habitual sem sair do seu meio-campo. Isaías ainda tenta o golo e a bola bate caprichosamente nos dois postes. Quem passa é o Milan. E vai até à final em Viena. O adversário é o Ajax.
Decide um golo do suplente Kluivert aos 85 minutos numa noite em que a curiosidade maior é um dos 22 titulares a correr de um lado para o outro com chuteiras brancas. É ele Marco Simone, o tal dos dois golos ao Benfica. Quando entra em campo, um bruá estende-se do relvado às casas de todas as pessoas. Seja em que país for, os comentadores passam o tempo a dizer que o italiano está a jogar com ténis. E fá-lo com indisfarçável categoria. É o único a remar contra a maré, é o único a assustar o capitão Blind e o guarda-redes Van der Sar, através de remates acrobáticos. Se a bola vai ao lado ou por cima, disso ninguém se lembra. A única memória gravada é o branco das suas botas. Jamais visto.
Jamais? Essa é boa. Em 1970-71, a marca alemã Hummel fabrica um par de chuteiras brancas e paga bem para quem se chegar à frente. Alan Ball, o mais jovem da Inglaterra campeã mundial em 1966, avança sem medos. Recebe duas mil libras e estreia a moda do branco por ocasião da Supertaça inglesa, entre Chelsea e Everton. A audácia é premiada com um título, o Everton ganha 2:1. Ainda por cima, Ball é o capitão e quem levanta a taça.
Uns meses depois, Ball faz novamente história como integrante do primeiro desempate de penáltis na história da Taça dos Campeões, no Everton vs Borussia M’Gladbach em Goodison Park. No frente a frente com Kleff, o bom do Ball acerta na baliza. O branco é claramente uma aposta ganha.