Ei-las, as substituições

Mais Stop The Press 10/20/2020
Tovar FC

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Ei-las, as substituições

“Morais afaga a bola, parece falar com ela, coloca-a na marca…. vai marcar o
cantooooo……… a bola parte, com boa conta…………. goooolo do Spoooooorting!” [Artur Agostinho, Emissora Nacional].

Este relato de rádio retrata o lance que muda a vida do Sporting. No dia 15 de
Maio de 1964, Morais divide o Sporting – não ao meio, claro. Acontece que há
um antes e um depois na história do Sporting com aquele golo de canto directo ao MTK Budapeste, que garante a única taça internacional aos leões, a Taça das
Taças. É o a. M. (antes de Morais) e o d. M. (depois de Morais).

No dicionário sportinguista, Morais significa esforço, dedicação, devoção e glória. E traduz-se na conquista da Taça das Taças. O golo do título é obra de Morais. Na jogada menos provável de todas. Um canto directo, aos 20’. “Virei-me para o banco e confirmei que era eu. O técnico [o espanhol Anselmo Fernández] acenou-me que sim. Lá fui. Peguei na bola com jeitinho, disse-lhe umas palavrinhas amigas, dei-lhe um beijinho. Depois, mal senti o pé a bater nela, fiquei logo com a sensação de que seria golo. Parece que o tempo parou ali. Observei a trajectória do esférico, vi o Figueiredo a correr para o primeiro poste e o guarda-redes atrás dele para interceptar o eventual cabeceamento do desvio, mas o destino estava traçado. A bola passou por cima dos dois e acabou por entrar junto ao segundo poste. Foi a euforia total mas não foi um golo de sorte. Ao longo da carreira, marquei mais uns quantos da mesma maneira.”

E não só, acrescente-se. Quatro anos e meio mais tarde, a 15 Dezembro 1968, Morais escreve outro pedaço de história como o primeiro jogador a sair do banco de suplentes e a marcar no campeonato nacional. Escreve o jornal “Record” a este propósito: “Haviam decorrido 72 minutos de jogo. O Sporting insistia no ataque e beneficiou de um pontapé de canto que Fidalgo [guarda-redes da Sanjoanense], saindo a destempo, não interceptou. Estabeleceu-se confusão e quando a bola ia a transpor a linha de golo, dois defesas visitantes, um dos quais Freitas, desviaram-na com a mão. A grande penalidade foi transformada por Morais, que havia entrado pouco antes para o lugar de João Carlos.”

Morais fixa o 1-0 em Alvalade no dia em que o FCP de José Maria Pedroto ganha pelo mesmo resultado ao Benfica de Otto Glória, para a 12.ª jornada da liga. A Morais já ninguém tira o rótulo de primeiro suplente de sempre a marcar na
1.ª divisão.

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