Great Scott #147: Quem é o primeiro português a bisar na Liga dos Campeões?

Great Scott Mais 10/28/2020
Tovar FC

author:

Great Scott #147: Quem é o primeiro português a bisar na Liga dos Campeões?

Dani

Reforço do Ajax, o bom do Dani só treina no primeiro mês e meio. Zero jogos na equipa principal e alguns nas reservas. O primeiro jogo a sério é só à 8.ª jornada, titular vs Twente. Segundo jogo, à 10.ª jornada, suplente utilizado vs Utrecht. Terceiro jogo, o primeiro em casa, titular vs Rangers. É a Liga dos Campeões 1996-97, fase de grupos.

Na véspera, Van Gaal entra no quarto de Dani e fala-lhe da titularidade. Também lhe diz o tipo de movimentos, o de segundo ponta-de-lança. Em vez de aproveitar os ressaltos na zona da meia lua, é para entrar na área de cabeça. Dani espanta-se. ‘Eu, de cabeça?’ Van Gaal continua a lenga-lenga. ‘Sim, não te preocupes; faz os movimentos e vais ver. Não fiques fora da área.” Até porque os extremos chamam-se Babangida e Overmars, dois craques do ir à linha e cruzar com conta, peso e medida.

Chega a hora do jogo e Dani vê o apelido Carvalho estampado na sua camisola. Como assim, Carvalho? ‘Ainda disse ao Van Gaal que era o Dani e tal, mas ele nem quis saber ‘todos aquí são pelo apelido: R. de Boer, D. Blind, M. Overmars.’ Dani entra como Carvalho, número 21. Ao intervalo, 2:0. Bis de Dani. Dois golos de cabeça, um servido por Babangida, outro por Overmars. Pelo meio, um remate à trave. Ao intervalo, Van Gaal diz-lhe para continuar assim, sem fintas nem invenções. ‘Aos 70 minutos, fiz duas fintas seguidas e ele tirou-me.’ Acaba 4:1, Dani é já o herói dos adeptos. E só voltaria a bisar pelo Ajax no último jogo da época, vs Vitesse.

Já agora, e a relação com Van Gaal? “O Van Gaal é aquela pessoa que está ali à nossa frente, austera, que nos sufoca. Mas também tem o outro lado, o de defender os jogadores durante uma crise. Na Holanda, saiu na imprensa cor-de-rosa que eu tinha uma discoteca em casa, que era só festas até altas horas da noite, que os vizinhos não conseguiam dormir. O “Telegraaf”, jornal com maior tiragem na Holanda, apareceu-me a porta de casa no dia seguinte a essa notícia, antes de eu ir para o treino. Eu, que lia pouco da imprensa cor-de-rosa e pouco de holandês porque tinha acabado de chegar de Lisboa, fiquei a olhar para aquilo. Quase que os deixei entrar em casa mas tinha de ir para o treino. Expliquei a situação ao Van Gaal, perguntei-lhe se era preciso alguma coisa e ele disse-me: ‘Não, não e não, não tens de explicar nada. Nós vamos escrever um comunicado a dizer a verdade, que os teus níveis de treino são perfeitos e que não há razões sequer para suspeitar que andas em festas e noitadas com esses registos físicos.’ Saiu imediatamente em minha defesa.”

Leave a comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *