Great Scott #181: Qual é o clube de Abdel-Ghany na colecção de cromos do Mundial-90?
Beia-Mar
Ponto prévio: Abdel-Ghany é o único árabe a marcar golos nos Jogos Olímpicos (1984 vs Costa Rica) e no Mundial (1990 vs Holanda). Pelo meio, assina pelo Beia-Mar. O negócio faz-se através do empresário português Lucídio Ribeiro, senhor de múltiplos recursos a avaliar pela quantidade de jogadores trazidos para Portugal, como Balakov, Iordanov, Amunike, Naybet, Ivkovic, Hadji (Sporting), Madjer, Mlynarczyk, Juary (Porto), Minto, Tahar (Benfica), Mladenov, Mihailov (Belenenses) e Radi (Chaves).
Campeão egípcio e africano pelo Al Ahly, a vida de Abdel-Ghany muda da noite para o dia com uma chamada telefónica de Lucídio Ribeiro. O Beia-Mar está à sua espera. Como estamos nos anos 80, Abdel-Ghany apanha um avião do Cairo para Lisboa e apanha uma seca no Aeroporto da Portela. “Ninguém à minha espera. Ninguém. Troco dinheiro e apanhou um táxi para um hotel marcado em meu nome. Cheguei ao destino e a viagem custava 500 escudos. O taxista tirou-me cinco mil. Quando o porteiro do hotel soube, mandou parar o táxi no outro lado da rua e o taxista desculpou-se com um ‘enganei-me’. Nem cinco minutos depois, recebi uma chamada do Lucídio a dizer-me para apanhar o comboio. Direcção, Aveiro. Fui para outro hotel, paguei do meu bolso, porque o recepcionista não fazia a mínima ideia de quem eu era, nem com a apresentação do passaporte. Comecei então a exercitar-me dentro do hotel, nos corredores, entre o elevador e os quartos. Fazia abdominais, flexões e corridas. Quando chega a chamada, levam-me a treinar ao Beira-Mar.’
Ah bom, finalmente. ‘No primeiro treino, um goal. No segundo, no goal. No terceiro, meteram-me a defesa-central e marquei um goal. Ficaram comigo e cumpri o meu sonho de jogar na Europa.’ No Beia-Mar, onde chega a uma final da Taça de Portugal, e Abdel-Ghany marca a Vítor Baía (FCP). Mais um recorde: o primeiro árabe a marcar no Jamor.