Perrichon. O herói da Taça 1966

Kali Ma Mais 01/19/2021
Tovar FC

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Perrichon. O herói da Taça 1966

Em mil nove e sessenta e seis, o futebol português entra na Quinta Dimensão, tal é o número de acontecimentos imperdíveis. Para início de conversa, o Sporting é campeão nacional e impede o tetra do Benfica, ao qual aliás ganha (4:2) pela primeira vez em 11 anos na Luz, numa tarde de pura inspiração de Lourenço, autor de um póquer.

Em Alvalade, o Benfica responde (2:0) e fica a um escasso ponto dos leões, que perdem a liderança na 22.ª ronda, após empate no Restelo (1:1) e vitória encarnada sobre o Leixões (2:0). A derrota em Guimarães (3:2), na semana seguinte, é fatal para um Benfica que, desesperado, oferece 20 contos a cada jogador do Varzim (adversário dos leões na derradeira jornada) para vencer o Sporting. O expediente não resulta e há festa rija na Póvoa. Como em Lisboa, que se veste de verde e branco.

Nesse domingo, um outro jogo dá nas vistas. Nos Arcos, o Vitória humilha o Braga por 8:1 com bis de Quim, José Maria e Armando. Por essa altura (2 de Maio), as duas equipas ainda não sabem mas vão encontrar-se três semanas mais tarde no Jamor, para a final da Taça. O Vitória aparece como detentor do troféu (3:1 ao Benfica), o Braga como convidado especial. Atenção, a equipa minhota é um osso duro de roer. Como prova, a irredutibilidade no 1.º Maio com os três grandes (triplo 0:0 com FCP, SLB e SCP, por ordem cronológica).

Na Taça, em que a sobrevivência só se conquista com vitórias, o Braga comete a proeza de eliminar Benfica (4:1, 1:3) e Sporting (1:1, 1:1, 1:0). É o ano do Mundial-66 e Portugal faz-se representar pelos Magriços. Antes de entrar em estágio, o setubalense Jaime Graça joga a final da Taça. É o dia 22 Maio 1966 e o Braga alinha com este onze: Armando; Mário, Coimbra, Juvenal e José Mário; Canário e Luciano; Bino, Perrichon, Adão e Estêvão.

Por capricho, o apelido do árbitro é Braga. Mais precisamente Braga Barros. Durante 76 minutos não se vêem golos. De repente, uma bola é metida nas costas da defesa vitoriana e Perrichon isola-se. O argentino não perdoa no frente-a-frente com o guarda-redes Félix Mourinho. Um-zero e é tudo. Na tribuna de honra, a entrega da Taça pelo presidente Américo Thomaz faz-se na presença dos capitães (Canário mais Jaime Graça). Segue-se a festa.

Conta o guarda-redes Armando: “Eu saí da baliza e vi todos os outros, os jogadores, o treinador, o massagista e outros. Parecíamos ovelhas tresmalhadas, uns para um lado, outros para outro. Depois foram as comemorações normais de quem não está habituado a ganhar. Quando acabou o jogo perdemos a cabeça, ao ponto de a taça desaparecer. Andou toda a gente à procura dela. Tinha sido um jogador, salvo erro o Coimbra, que pegou nela e a meteu na cama.” Agora já mora em Braga. Durante anos e anos, sozinha. À espera de companhia. Em 2016, ei-la. A vitória nos penáltis vs FC Porto garante o bis na competição.

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