Great Scott #211: Quantos jogos da nossa selecção apitados por portugueses?
Dois
Quarta-feira, 20 Setembro 1978. No Bonfim, em Setúbal, há Portugal e EUA. É que não há direito. Não há mesmo. A federação portuguesa marca um jogo de início de época com uma selecção amadora, vinda do outro lado do Atlântico, e nem arranja um árbitro internacional?
O eleito é o português Inácio de Almeida, coadjuvado por Mário Luís e Marques Pires. Os três fazem trinta por uma linha e desesperam os 6109 pagantes em Setúbal. Ao todo, 355 contos nas bilheteiras. Lucro? Só para os camones, excursionistas simpáticos, entre copo ali, café acolá, pisam o Bonfim, comem um choco frito e o bom do Mausser, guarda-redes nos tempos livres, ainda defende um penálti de Gomes. Só não tem mãozinhas para o remate imparável de Costa.
Tudo isto num jogo com substituições a mais (para aquele tempo, bem entendido) e na estreia insossa do seleccionador Mário Wilson, contratado para o lugar de Juca na sequência de uma bela aventura no Boavista.
Quarta-feira, 8 Junho 1983. No Calhabé, em Coimbra, há Portugal e Brasil. A confusão instala-se antes até do jogo. Então não é que um dirigente conimbrense diz à agência ANOP que o Portugal-Brasil não passa na RTP porque “não há nada que pague um estádio cheio” e, afinal, a televisão transmite as imagens ao vivo e a cores de um estádio quase vazio.
Com o preço exagerado dos bilhetes para a bancada central na ordem dos 1500 escudos, o público prefere o factor casa (leia-se, sofá) e só se vêem cinco mil almas para aplaudir o Brasil de Carlos Alberto Parreira em tour pela Europa. Só o Brasil? Sim, Portugal merece ser apupado. Porque Otto Glória não convoca os jogadores de Benfica e Porto. E porque a exibição é francamente má. Sem os melhores (Bento, Carlos Manuel, Diamantino, Chalana, Eurico, Lima Pereira, Gomes, Jaime Pacheco e por aí fora), o Brasil faz o que quer e dá quatro secos num jogo apitado pelo português Mário Luís, em estreia internacional.