Great Scott #245: Único português expulso na estreia por um clube internacional?
Sérgio Conceição
Domingo, 22 Agosto 2004. O Standard joga em Bruges para a 3.ª jornada do campeonato belga e o treinador Dominique D’Onofrio convoca dois portugueses. Um é Moreira, titular assumido, o outro é Conceição, reforço de Verão, via-Porto.
Aos 55 minutos, sai Moreira e entra Conceição. Onze minutos depois, um lance comum no futebol resulta na expulsão de Conceição. De malas aviadas para o Hamburgo, da Alemanha, o substituto Moreira reage contra o árbitro. “O Sérgio Conceição foi muito mal expulso. Ele sofreu uma falta e, como estávamos empatados 1-1, levantou-se depressa para ir buscar a bola, que estava nas mãos de um adversário. Este não quis entregar a bola e o Sérgio Conceição deu-lhe um ligeiro empurrão, algo que acontece em todos os campos de futebol. O adversário caiu e fez fita, contribuindo decisivamente para o cartão vermelho mostrado por Vervecken. Quando ele (Sérgio Conceição) saiu de campo, estava visivelmente irritado e foi directamente para os balneários, onde o encontrámos no final do jogo, ainda muito triste. Continuo a dizer que foi uma expulsão injusta. Eu tive de sair aos 55 minutos, porque levei com quatro entradas por trás e nenhuma delas mereceu o vermelho. Por que é que um jogador que quer reiniciar o jogo é expulso e outros que travam o adversário de forma agressiva não?”
O lance é tão inofensivo que a federação belga nem dá um jogo de castigo. Conceição assume-se rapidamente com titular, e até figura maior do Standard, graças a 11 golos e 11 assistências. O Standard nada ganha e, mesmo assim, Sérgio é eleito o melhor jogador do campeonato. Diz o próprio na hora de receber o prémio, uma Bota de Ouro. ‘O último futebolista do Standard que o conquistou foi o Gerets e já lá vão 23 anos. Por isso, os adeptos ficaram eufóricos, é tremenda a importância que se dá a este prémio. A zona francófona, a que pertence o Standard, é muito menos protegida que a zona flamenga, onde estão o Anderlecht e o Club Brugge. Há uma rivalidade enorme e é muito mais difícil a um jogador do Standard arrancar este prémio. É outra razão que me fez ficar muito feliz.’
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‘Normalmente, estão três jornalistas nos nossos treinos. Hoje estavam 30. A Bota de Ouro é para partilhar com todos os meus companheiros, mas dedico-a, especialmente, aos meus pais, os meus grandes ídolos, e a toda a minha família que tem sido excepcional no apoio. São excelentes nos momentos maus, por isso merecem esta felicidade que partilho com quem realmente me ama.’