Great Scott #300: Quem é o último jugoslavo a renunciar ao Euro-92?
Pancev
Finja que estamos em 1992, às portas do Europeu. A história recente da Jugoslávia tem o que se lhe diga. Em 1987, é campeão mundial sub20. Em 1989, a selecção principal é a mais eficaz na qualificação para o Mundial-90 com um total de 14 pontos em 16 possíveis e sem qualquer derrota. Em 1990, no Mundial em si, surpreende a Espanha nos oitavos (2:1 após prolongamento) e só é eliminada nos ¼ pela campeã em título Argentina no desempate por penáltis, após jogar com dez elementos durante 90 minutos. Em 1991, o Estrela Vermelha é a segunda e última equipa de Leste a sagrar-se campeã europeia de clubes (penáltis vs Marselha), depois mundial (3:0 vs Colo Colo). Ainda em 1991, já em plena guerra interna, a selecção apura-se para o Euro-92 com o mesmo registo de 14 pontos em 16 possíveis.
O onze base de Ivica Osim contempla cinco croatas (Ivkovic, Jozic, Jarni, Vulic, Prosinecki), dois bósnios (Hadzibegic, Bazdarevic), outros dois sérvios (Spasic, Binic), um montenegrino (Savicevic) e um macedónio (Pancev). Com o estalar da Guerra dos Balcãs, há uma debandada geral. É cada um por si antes de a NATO sancionar a Jugoslávia e, acto contínuo, a UEFA afastar a selecção mais promissora do Euro por troca com a futura campeã Dinamarca, segunda classificada no grupo de apuramento.
Os primeiros a dar de fuga são os croatas. Ao todo, nove ilustres abdicam da Jugoslávia: os já citados Ivkovic, Jozic, Jarni, Vulic e Prosinecki mais Boban, Vujovic, Suker e Ladic. Há ainda outros na dúvida como Asanovic, Boksic, Jerkan, Juric, entre outros. A história é simples, a selecção croata começa a jogar em Outubro 1990 de forma oficiosa e contabiliza por vitórias todos os três jogos realizados (EUA 2:1, Roménia 1:0, Eslovénia 1:0) até ao dia em que os nove assinam o adeus.
Sem os croatas, a Jugoslávia vive sobretudo dos sérvios. Há Mihajlovic, Jugovic, Stojkovic, Cvetkovic, Lukic, Djordjevic. E, vá, dos montenegrinos como Mijatovic, Brnovic, Lekovic e Vujacic (esse, futuro defesa do Sporting). No fundo no fundo, a selecção seria guarda-redes e defesa do Partizan, meio-campo e ataque do Estrela Vermelha. Vamos a isso? Nada feito. À medida que o tempo passa, o número de desistentes aumenta consideravelmente. Até Osim, seleccionador desde 1986, abdica do cargo. O último a pronunciar-se publicamente contra o Euro-92 antes da decisão da UEFA em chamar a Dinamarca para o lugar da Jugoslávia é o avançado Pancev, simplesmente o melhor marcador de toda a qualificação, com 10 golos, à frente do francês Papin (9) e do holandês Van Basten (8).