Rosa Santos. «O Vítor Baptista perdeu o brinco e só me dizia ‘oito contos, senhor Rosa, oito contos’»

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Tovar FC

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Rosa Santos. «O Vítor Baptista perdeu o brinco e só me dizia ‘oito contos, senhor Rosa, oito contos’»

É a última viagem a Beja para entrevistar árbitros. Prometemos. A pés juntos. Pura magia a viagem com este senhor de 74 anos e meio, senhor do apito no jogo do brinco do Vítor Baptista, entre outros cenários imperdíveis por esse país e mundo fora. Até tem uma camisola da Sampdoria assinada pelo Mancini. Sem esquecer a braçadeira de Lineker no Euro-92

Lisboa-Casa Branca-Beja. Há quanto tempo? Demais. Eis-nos de volta a Beja, agora para entrevistar Rosa Santos. Que nos apanha à saída da estação de comboios com um senhor bigode. ‘Já o tive de três cores: cor-de-rosa, preto e louro.’ Por falar em cores, Rosa Santos atira um piropo. ‘Você tem um pullover igual ao meu, vamos entendermo-nos bem.’ Entramos no seu carro e somos levados para o restaurante com o nome mais apropriado da entrevista. Isso mesmo, ‘O Árbitro’. Sentamo-nos e o pedido nem levanta a mínima dúvida. Qual VAR, quel quê: sopa de cação. Vai ser um festival. Da cação. Com pontuação: dix points, ten points, diez puntos, dez pontos. Para o prato. Para o dono do restaurante. Para os clientes, todos enturmados com a figura de Rosa Santos.

Chi-ça, o Rosa Santos é famoso aqui.

Ò senhor Tovar, já tenho 74 anos e meio. É muito.

Pois é. E quantos de futebol?

Comecei como guarda-redes.

Guarda-redes?

À baliza.

Onde?

Primeiro no Despertar, depois no Desportivo Beja. Fui treinado pelo Suárez, um espanhol que chegou a Portugal para jogar no Covilhã e depois fez-se treinador. Como se lesionaram todos os guarda-redes do Desportivo Beja, vieram buscar-me ao Despertar.

Em que divisão jogava o Desportivo?

Na segunda.

Do tempo da zona norte, centro e sul?

[Rosa Santos ri-se a bom rir] Mais antigo ainda, ò senhor Tovar: zona norte e zona sul. Ainda fomos longe. Jogámos uma liguilha para subir e eliminámos o Sesimbra na meia-final: perdemos lá 2-0, ganhámos cá 3-0. Na final, o Farense foi mais forte.

Estava lançado na baliza?

Estava, só que depois apanhei um tiro.

Um tiro?

Na guerra.

Angola?

Fez um domingo destes 52 anos.

Sabe o dia de cor e salteado?

Então não haveria de saber? 20 Outubro 1967. Um tiro nas costas.

Caramba.

Aquilo foi uma confusão muito grande. Andámos no mato, perdidos.

Andámos, quem?

A 11.ª companhia. Fomos uns 400-e-tal, só voltaram 80. Aquilo não é brincadeira, ò senhor Tovar. Aquilo não é brincadeira, pá. Um tentente da polícia com uns dois metros de altura foi para os comandos e voltou para Lisboa com um problema renal. Andei com um gajo às costas durante quase dois dias.

E o seu tiro?

Fiquei um mês no hospital com o braço partido, à espera de ser operado.

Um mês à espera?

Sem nada para acalmar as dores. Tinha a clavícula toda desfeita, a operação durou 14 horas.

E depois?

Fiquei mais seis meses de cama. Bem tratado, sempre. Com tubos e tudo.

Mas quando sentiu o tiro, caiu ou…?

Caí e fugi a sete pés. Quando cheguei a Luanda, desmaiei à frente dos meus colegas. Entrei em estado de choque e só acordei cinco dias depois.

Bolas.

Mas trouxe a espingarda comigo.

Era importante, isso?

Dormia com ela todas as noites. Se a deixássemos roubar, eram oito anos de prisão.

Verdade, senhor Tovar. Pergunte a quem saiba, pergunte. Cheguei a casa com 25 quilos a menos. Estive em Angola de Outubro 1967 até Março/Abril 1968.

Sem vontade de jogar futebol?

Nem futebol nem andebol.

Andebol?

Antes de ir para Angola, fiz um curso de enfermagem de um ano e meio em Coimbra, ali em cima, em Santa Clara, no convento. E fui campeão regional de andebol. Logo eu que nunca tinha pegado numa bola de andebol, ahahah. Ganhámos a nossa divisão e depois fomos jogar com os campeões regionais de Aveiro. Levámos 10-1.

Lindo.

É lindo é.

E a arbitragem?

Foi um acaso e, olhe, o senhor Rui está aqui à minha frente a comer sopa de cação [dix points, ten points, diez puntos, dez pontos].

Lembra-se da sua estreia na 1.ª divisão?

Olha olha, claro: 25 Setembro 1975. Belenenses 2 União de Tomar 0. Dois golos do González, craque paraguaio. Esquerdino, bom de bola, até dói.

Como é que se sabe isso tudo?

Foi o dia em que se tomou a ponte sobre o Tejo. Foi um dia especial para as forças armadas.

E o segundo jogo?

Atlético?

Nem mais.

Tapadinha. Para entrar era um problema, para sair era pior. Ahahah. Aquele largo era tramado.

O mais tramado de todos?

Nããããão. O mais tramado era o triângulo das Bermudas: Lourosa, Santa Maria da Feira e Lamas. Em Santa Maria da Feira, havia um corredor muito fininho do relvado para os balneários e tinham a mania de apagar as luzes no final do jogo para agredir quem lá passasse. Um dia, foi lá o Mário Luís e um fiscal-de-linha dele chamado Portanova acertou em toda a gente com a bandeirinha. Foi remédio, nunca mais apagaram a luz.

Vejo aqui um jogo curioso: CUF 0 Sporting 3.

Nem fale disso, senhor Tovar.

Então?

A CUF tinha um defesa chamado Castro e o Sporting jogava com o Manuel Fernandes.

Muito bem.

O Castro era compadre do Manuel Fernandes. Nem imagina o que o Castro lhe fez, encheu-lhe de porrada. Às tantas, tive de expulsar o Castro. À saída do estádio, um gajo de Beja escarrou-me em cima. Já viu bem?

Porquê?

Sei lá eu.

Há campos tramados mesmo.

Olhe, outro: Olivais e Moscavide vs Oriental. Um calor de rachar no pelado. Um defesa do Olivais passou o jogo todo a abrir-me os braços e eu, às tantas, disse-lhe ‘deixa lá isso pá, o Cristo Rei está em Almada’. Eu gostava de me meter com os jogadores. Quanto mais irreverentes, melhor. Muitos deles vinham para cima de mim e eu começava a contar-lhes anedotas. Eles ficavam todos trocados. Ò senhor Tovar, então sou um gajo com a perna cabeluda de uma terra a quem ninguém liga nenhuma. Tinha de me fazer valer pelo apito e pelas palavras.

Mais um jogo engraçado, de outros tempos: Barreirense-Sporting.

Ò senhor Rui, nem me fale disso. Que noite.

Noite? Tenho aqui que o jogo foi à tarde.

Sim, começou à hora do costume. Só que o Serra, um central cheio de vigor, passou o tempo a chatear o Keita. Faltavam uns três/quatro minutos para o fim, o Serra vai rematar a bola e o Keita mete-lhe o pé.

Uischhhh.

O Serra ficou com a perna partida.

E o Keita?

Jogador fabuloso. Ninguém lhe conseguia acompanhar a passada.

E o Keita? A pergunta era sobre se ele sobreviveu a esse acontecimento.

O Keita e o Sporting saíram no dia seguinte. Daí eu ter dito noitada. Acho que saíram pouco depois da meia-noite. Fosse na CUF ou no Barreirense, o nosso equipamento era para o lixo nesse mesmo dia, porque o fumo das fábricas era constante. Ficava tudo preto, impossúvel desaparecer o preto no colarinho.

Muitas memórias.

Uma boa é a do brinco.

Do Vítor Baptista?

O maior. Ele sofria uma falta, levantava-se, passava por mim e perguntava-me ‘sou o maior, não sou?’. Do mais puro que havia. Sem maldade nenhuma, só queria jogar à bola. E jogava como ninguém. Aquele golo ao Sporting foi o melhor que vi. Pode crer, senhor Rui, foi o melhor. Bola lançada para as costas da defesa do Sporting, o Vítor pára no peito e atira ao ângulo superior.

E depois?

A bola está no meio-campo para se reiniciar o jogo e ele diz-me ‘o pendiente’ a apontar para a orelha. Tinha perdido o brinco, foi o maior gozo, ahahahah. Dizia-me ele ‘oito contos, senhor Rosa, oito contos’.

Apitou muitos dérbis?

Muitos, um deles foi o da lesão do Jordão. Estava a chover, o Alberto entrou à bola, o Jordão saltou-lhe por cima e esbarrou no Eurico. Ainda tenho o som do crackkkk no ouvido.

E jogos lá fora?

Amigo Rui, levei oito anos para ser árbitro internacional. E tinha sempre boas classificações. Na primeira aventura, apitei a final do Europeu de Juniores.

Boa.

Na URSS. Fui no mesmo avião que a selecção nacional, jogava o Futre. Eles foram para Leninegrado, eu para Kiev. Passei a vida em Kiev. Na parte final do torneio, já sem Portugal, fui para Moscovo e foi aí que o jornalista Rui Santos disse-me que iria quase de certeza apitar a final.

Entre quem?

URSS e Hungria,

Ganhou quem?

Hungria, nos penáltis.

Supresa, hein?!

Grande espectáculo.

E jogos das selecções principais?

Um bem interessante, em Bucareste, entre Roménia e Bulgária. O Ceaucescu tinha sido derrubado há uns 15 dias. O ambiente era tão crispado que fui dormir a 25 quilómetros da capital para evitar confusões. Só que nem assim.

Então?

A minha roupa desapareceu. Quando cheguei a Portugal, trazia a roupa ainda com etiqueta.

E provas europeias?

Tenho em casa uma camisola 10 da Sampdoria, assinada pelo Mancini.

Nãããããão.

Digo-lhe a verdade, senhor Rui. O Mancini assinou-me depois de ter apitado a Supertaça europeia entre a Sampdoria e o Milan. Cheguei a apitar a Sampdoria numa outra ocasião, no Leste. Sò não me lembro bem se era Checoslováquia. Talvez fosse, não sei. Sei que expulsei um jogador da casa no primeiro minuto porque atirou-se a um jogador da Sampdoria sem bola. Tanto assim é que esse jogador da Sampdoria ficou lesionado e saiu.

E mais, e mais?

CSKA Sofia vs Panathinaikos. Grande rivalidade, muito quente. Mostrei quatro amarelos em cinco minutos. Sabe quem marcou nessa noite?

Nem ideia.

O Stoitchkov. E outro que estava lá era o Kostadinov. Aliás, o Kostadinov jogou no tal Roménia-Bulgária, de apuramento para um Mundial ou Europeu.

Ainda bem que me lembra, o Rosa Santos apitou em dois Europeus.

E a Inglaterra perdeu sempre. Primeiro em 1988, na RFA, com a URSS. Três-um sem espinha, hein? A URSS jogava uma maravilha. Depois em 1992, na Suécia, com a Suécia. Eles [ingleses] começaram a ganhar e a Suécia deu-lhes a volta. É o famoso jogo em que o Lineker deita a braçadeira para o chão na altura da substituição. Eu apanhei-a e devolvi-lhe à porta do balneário. Ele agradeceu e ofereceu-me.

Nããããããã. Onde anda essa relíquia?

Tem o meu filho Hugo. Que tem uma filha com um ano. Nem imagina, o senhor Rui. A menina gosta do Variações.

[festival da canção com cação: Rosa Santos mete o vídeo da menina a ouvir o Variações e a dançar na cadeira]

Olhe, apanhei outro Sporting-Benfica. Um-zero, penálti de Jordão.

É a primeira derrota do Eriksson em Portugal.

Penálti mesmo, lembra-se?

Claro, o Humberto derrubou o Jordão.

E era penálti mesmo?

Para mim, não há blé blé, é penálti e é penálti. Só uma vez é que me enganei e pensei para mim ‘estou míope’. Amigo Rui, o Maradona nasceu para jogar futebol e eu nasci para ser árbitro.

Qual era a sua táctica?

Total liberdade nos primeiros 15 minutos. Se os jogadores entendessem a mensagem, tudo corria bem. Se não, tínhamos o caldo entornado.

Imagino a quantidade de artistas que apanhou.

Ai não imagina, não. Artistas bons, atenção. O Jesus, por exemplo.

O Jorge Jesus?

Esse. Todo gingão, traquinas. E havia os carinhas de santo. Como o Manuel Fernandes. Uma vez, vi-o no chão perto de um defesa e meti o vermelho ao bolso. O meu fiscal de linha João Canito chama-me à parte e diz-me que não, é finta- Ai é? Então toma lá um amarelo. O Manel, ai ai. Outro especial era o Carlos Manuel. Entrava sempre em último. Uma tarde, num 3-2 nas Antas, em que o Proto esteve a avencer por 3-0 e o Sporting marcou dois na parte final, ele ainda queria um penálti. Que personagem. E dizia que o meu fiscal-de-linha, o Chico Lobo, parecia da CP porque estava sempre a levantar a bandeirola.

Nesse jogo, lembro-me bem de ver o Octávio atrás dos placars de publicidade a dar instruções aos jogadores do Porto e a irritar os do Sporting. Ahahahah. A mim não me apanham desprevenido.

Nunca?

Olhe, uma vez em Aves, o senhor do clube indica-me onde devo estacionar o carro dentro do estádio. Nã, nem pensar. O carro fica é aqui fora, ao lado do da GNR. Essa é boa. A mim não me apanham. E lembrei-me de outro Sporting-Porto.

Diga.

Uma vitória do Porto em Alvalade, 2-1, em que o Chico Lobo espeta a bandeirola na barriga do Romeu. À saída do estádio, partiram o vidro ao meu taxista, o Carrochinho. Bem, tinha um relatório deste tamanho [estica as mãos]. Não passou de uma multa porque houve um entendimento posterior entre todas as partes.

Boa, boa.

Uma vez, fui apitar o Benfica-Estoril. Na semana anterior, o Bento tinha sido expulso por reagir a um toque do Vítor Madeira. Na Luz, o Cepeda isolou-se e fez o golo. O ambiente tornou-se escaldante. Às tantas, o Cepeda volta a ser o dono da bola e o Humberto faz-lhe falta. Apito e o Humberto chama-me filho da puta. Virei-me para ele e respondi-lhe à letra. Amarelo, toma lá. No fim do jogo, o Gaspar Ramos veio ter comigo a pedir desculpa pelo comportamento do Humberto Coelho e, depois, foi o próprio Humberto quem apareceu no balneário a oferecer-me a sua camisola. Ainda a tenho em casa.

Imagino essas cegadas.

Essas e outras. Uma vez, fui apitar o Rio Ave-Vitória. Ganhou o Rio Ave por 2-0. No final do jogo, jogaram-me uma faca e levei-a à polícia. Estive quatro anos sem apitar o Vitória.

Porquê?

Foi uma confusão, amigo Rui. Primeiro, Vila do Conde era especial. Havia umas senhoras sempre à minha espera para falar comigo. Chamavam-me corno. Aqui, no Alentejo, chamamaos corno a quem não é. Ahahahah. Adiante. Eu disse no relatório que era uma faca de 12 centímetros e estava fechada. Um jornalista do Record disse que era uma faca de matar porcos e o Pimenta Machado, presidente do Vitória, dizia que era um corta-unhas.

Confusão mesmo.

Quatro anos sem apitar o Vitória. De repente, vieram cá a Beja para convencer-me a apitar o Vitória de novo.

Onde?

Nas Antas.

E?

Vieram o Reinaldo Teles, o Pimenta Machado e o Pinto de Sousa. Por favor, apite. Apitei.

E que tal?

Espectáculo digno: 2-2. Era o Vitória do Paulinho Cascavel. Que marcou os dois golos.

E jogos assim decisivos?

Quer um?

Claro.

Benfica-Varzim.

Como assim?

Jogo de campeonato entre o primeiro e o segundo classificado. Foi na Luz, um sábado à tarde. Ganhou o Benfica por 8-0. Era o Varzim do Meirim.

Estou a ver aqui: o Benfica não ganha nenhum dos seus últimos oito jogos na Luz.

Pois foi, com muitos golos nos últimos minutos. Estoril, por exemplo, 1-1. Vitória, 1-1. Académica, outro 1-1. Esse golo foi nos descontos. Lembro-me tão bem. Tenho boas recordações da Académica. Quando fiz o tal curso de enfermagem em Coimbra, vi lá um jogo com o Sporting: 1-0 pelo Artur Jorge, em 1967. O lateral-esquerdo do Sporting era o Hilário.

E este Marítimo-FC Porto?

Ahhhh, lembro-me. O Pedroto disse que o Marítimo tinha jogado com 14.

E este Amora 5 Braga 0?

Esse é o tal jogo em que o Quinito diz que nem queria que os seus jogadores fizessem falta porque iam a jogar a final da Taça de Portugal 1982, com o Sporting. Foi cinco-zero do Amora e, depois, quatro-zero do Sporting no Jamor.

Jamor, Taça de Portugal. E o Louletano-Porto?

Nem me fale, amigo Rui. O que disseram de mim. Se eu quisesse roubar o FC Porto, roubava. Tenho lá a culpa que o jogador do Louletano tivesse dado a bola ao Aloísio para bater o livre à pressa. Esse jogador até é de Almodovar. Um dia, encontrei-o e perguntei-lhe ‘então estavas a ganhar 2-1 a 5/6 minutos e vais dar ao Aloísio?’ Aloísio para Domingos e golo do Porto, 2-2. Na baliza, o Amaral.

O Amaral, Amaral?

Esse mesmo, o da Correio da Manhã. Quando o vir, pergunte-lhe ‘quem é que sofreu o 2-2 do FC Porto por entre as pernas?’ Ahahahahah. Está na hora, Rui?

Está mesmo. Temos de voltar para Casa Branca. Depois, Lisboa. A caminho da estação, Rosa Santos espalha magia. ‘Não sei se sabe mas está a passar pela maior torre de castelo da história, 43 metros’. Mais à frente, ‘e aquela vitória do Porto ao Kiel no andebol? Aquilo foi como o golo do Èder à França’.

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