Great Scott #317: Antas, Luz e José Alvalade: qual a primeira selecção a jogar vs Portugal nesses estádios?

Great Scott Mais 06/23/2021
Tovar FC

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Great Scott #317: Antas, Luz e José Alvalade: qual a primeira selecção a jogar vs Portugal nesses estádios?

Inglaterra

A Inglaterra tem os seus quês. Única selecção a dar-nos 10:0, é também a única selecção a perder dois desempates de penáltis vs Portugal (Euro-2004 e Mundial-2006, curiosamente ambos os jogos Scolari vs Eriksson).

A Inglaterra é também a primeira selecção a visitar os placos dos três grandes. A viagem começa nas Antas, a 22 Maio 1955, um domingo. É a nossa maior proeza futebolística. Oito anos depois do 10:0, derrubamos os mestres ingleses por 3:1. A figura do jogo é Matateu. E a alcunha oitava maravilha é uma pérola do jornal inglês Daily Sketch, de Manchester. Diz o texto isto aqui ò: ‘Um negro sempre sorridente, de Moçambique, é, esta noite, o rei do futebol português. Lá, foi-lhe dado o nome de Lucas, mas há muito tempo que já ninguém se preocupa com isso. Passaram-lhe a chamar Matateu – um cognome que significa oitava maravilha do mundo– desde que começou a driblar como um mago e a chutar como um canhão. Fomos derrotados por essa oitava maravilha que rebaixou e humilhou uma Inglaterra destroçada e inebriada. E não há justificação porque, com excepção do maravilhoso Matateu, o grupo português é uma equipa de passeantes, com apenas uma vitória nos últimos 19 jogos.’ Quem escreve assim não é gago.

Passam-se uns anos, 3 Abril 1974, quarta-feira. A 22 dias da revolução dos cravos, a Luz recebe um particular insosso, marcado há muito, muito tempo, quando as duas selecções ainda sonham com o Mundial-74. Entretanto eliminadas do evento sem dó nem piedade, tanto Portugal como Inglaterra jogam a feijões, sem motivos de interesse por aí além e com total desconhecimento sobre o posterior sorteio da qualificação para o Euro-76 que os haveria de juntar. Os ingleses entram cheios de speed e só não se adiantam por manifesto azar, a avaliar pela bola ao poste de Brooking (5′) e ainda uma outra salva em cima da linha por Vítor Baptista (19′). De Portugal nem um golpe de asa para animar a malta ali à chuva. No onze português, quatro jogadores do Vitória FC (Rebelo, José Mendes, Octávio e Jacinto João), clube do seleccionador José Maria Pedroto, e ainda um último estreante da CUF – Arnaldo, de seu nome.

Um ano e meio depois, a 19 Novembro 1975, outra quarta-feira. O único lugar de qualificação para o Euro-76 está quase quase quase entregue à Checoslováquia. É preciso um milagre. Que passa pela derrota dos checoslovacos no Chipre, até então sem pontos nem golos marcados. Nós precisamos de ganhar à Inglaterra, no José Alvalade, estádio talismã para o seleccionador José Maria Pedroto, ali vencedor da última Taça de Portugal pelo Boavista. A Inglaterra também precisa de ganhar e o jogo ganha uma toada ofensiva constante. Rui Rodrigues marca o 1-0 de livre directo (uma folha seca faz favor), antes de se lesionar com gravidade, e Channon empata perto do intervalo, também de livre, com a bola a passar por entre a barreira para galo do excelente Damas. Na segunda parte, um vendaval de bola provoca uma exibição soberba de Clemence. À sua conta, Nené falha três golos certos. Três. Basta um. Que nunca chega. Assim, estamos fora do acesso ao Europeu um dia depois da morte de Franco, ditador espanhol durante 36 anos.

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