Mühren. ‘Aquele cruzamento é meio golo’
Em 1988, Arnold Mühren já tem 37 anos e joga devagar, devagarinho no Ajax de Cruijff. O seleccionador Rinus Michels convoca-o para o Europeu e a recompensa é grandiosa.
Esperava ganhar aquele Europeu?
Sinceramente já não esperava nada da minha carreira. Tinha levantado a Taça dos Campeões pelo Ajax em 1973 e a Taça UEFA pelo Ipswich Town em 1980 e ainda marcado um golo de penálti em Wembley na final da Taça de Inglaterra [pelo Manchester United em 1983]. Pensava que tinha feito tudo na vida desportiva.
E?
Por isso, regressei à Holanda para um futebol mais calmo. Encontrei um cantinho no Ajax do Cruijff e ganhámos a Taça das Taças em 1987 com aquele de cabeça de Van Basten ao Lokomotiv Leipzig [clap clap clap palmas, está completo o treble europeu]. No ano seguinte, fiz aquilo.
O quê?
Aquele cruzamento para o Van Basten na final com a URSS. Aquilo é meio golo. Ou não?
[risos]
Acredita em mim, nós treinávamos aqueles lances!
[mais risos]
Sinceramente, já não esperava nada da minha carreira. Mas a confiança do Rinus Michels e do próprio Johan Cruijff foram decisivas. Quer dizer, naquele tempo não era comum apostar-se num homem de 37 anos. Ainda joguei mais dois anos no Ajax mas não ganhei mais nada. O Cruijff foi-se embora para o Barcelona e eu arrumei as botas.
in jornal i, Jun 2012