Great Scott #360: Único campeão africano sem qualquer golo sofrido em 540 minutos de CAN?
Costa do Marfim 1992
É a 18.ª edição da Taça Africana das Nações, a primeira com 12 equipas divididas em quatro grupos de três. A organização é do Senegal, com dois estádios em duas cidades-sede (Dakar e Ziguinchor).
Na primeira jornada, a Costa do Marfim dá três secos à campeã em título Argélia, golos de Ben Badi, Fofana e Tiéhi. Na segunda, 0:0 vs Congo. Apurada para os ¼ final como primeira classificada do grupo C, joga com a 2.ª do D. Calha-lhe a Zâmbia na rifa e acaba 1:0 cortesia Sié, após prolongamento.
Faltam 90 minutos para chegar à final. Ou não. A Costa do Marfim insiste em ir a prolongamento, agora vs Camarões. O nulo teima em chegar aos 120 minutos, vamos para penáltis. Diaby marca, Makanaky falha, 1:0. Traoré marca, Ebwellé também, 2:1. Yago falha, Omam-Biyik também, 2:1. Ben Badi marca, Bell (esse, o guarda-redes) falha, 3:1. A Costa do Marfim passa à final pela primeira vez na história e encontra o Gana, uma selecção mais batida em decisões africana e já coroada tetra em 1963, 1965, 1978 e 1982.
Tudo a posto, dia 26 Janeiro 1992 em Dakar. Com 47 mil e 500 espectadores no Estádio l’Amitié, sob a arbitragem do anfitrião Badara Sène, as duas equipas sobem ao relvado e desenvolvem o seu futebol sem a estrela maior. Nem mais, o ganês Abedi Pelé está fora. Só que o Gana ainda tem Yeboah, por exemplo. É aliás ele quem provoca a primeira grande oportunidade do jogo, aos 5’. Na cara do guarda-redes Gouamené, com a bola incontrolável no ar, dá um toque para o lado a isolar Prince Polley. Com a baliza aberta, o 15 do Gana atira para as nuvens. Inacreditável. Até final, mais nada de especial. Vamos para prolongamento, é o terceiro da Costa do Marfim.
Em cima dos 120’, Tiéhi ganha um ressalto de bola ainda fora da área e avança para o golo. Só com o guarda-redes pela frente, simula, simula e simula à espera de desequilibrar Ansah. Em vão. Depois desvia-se para a sua direita e atira. Em vão, Ansah mergulha e evita o golo com a ponta da luva. Zero-zero, vamos para penáltis. E aqui faz-se história, é o primeiro desempate numa grande prova à escala planetária em que todos os jogadores são chamados ao castigo. Ao todo, 24 penáltis. Só se falham três, Asare (Gana) e Tiéhi (Costa do Marfim) na primeira série. Baffoe (Gana) na segunda. A defesa fácil de Gouamené garante o primeiro título dos marfinenses. E é justo recordar Gouamené só mais uma vez. Além de ser o herói do penálti decisivo, consegue acumular 540 minutos sem sofrer qualquer golo. Nunca visto, jamais repetido.