Great Scott #377: Único árbitro português a expulsar Stoitchkov?

Great Scott Mais 09/15/2021
Tovar FC

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Great Scott #377: Único árbitro português a expulsar Stoitchkov?

Sepa Santos

A paragem da 1.ª divisão é mais divertida nos anos 90 e os clubes empregam-se a fundo para jogar a sério. No domingo, 4 Fevereiro 1990, o Portimonense ganha ao Dortmund de Helmer, Zorc e Möller por 1:0, golo de Voinov. Mais a norte, em Lisboa, no José Alvalade, qualquer coisa como 10 mil pessoas saem à rua para curtir Sporting e CSKA Sofia.

Raul Águas reúne Vital; Marinho, Miguel, Valtinho e Leal; Ali Hassan; Litos, Carlos Manuel (cap) e Carlos Xavier; Cascavel e Gomes. Já Dimitar Penev chama estes meninos à liça: Valov; Ivanov (sim, o barbudo); Dimitrov, Urukov e Bakalov; Mladenov, Iantchev, Gueorguiev e Kirov; Kostadinov e Stoitchkov (cap). Que festival, a dupla de ataque.

O tempo está bom, sol e tal. Na primeira parte, cinco golos. O primeiro é de Gomes, remate de primeira a centro de Marinho, aos 22′. Cinco minutos depois, Marinho serve Cascavel e o brasileiro atira certeiro com o pé direito. A bola vai ao meio, é recuperada por Marinho (sempre ele), há uma troca de passes com Cascavel, um toque de calcanhar do brasileiro e a conclusão do lateral-direito para o 3:0. Goleada à vista?

Nem por isso. O CSKA arregaça as mangas e vai atrás do resultado. Aos 39′, Stoitchkov ganha uma bola solta no lado esquerdo, ultrapassa Miguel e atira com o pé esquerdo sem defesa para Vital. Dois minutos depois, Stoitchkov volta a acelerar pelo seu flanco e deixa Marinho nas covas. O seu cruzamento encontra Kostadinov e toma lá disto.

O intervalo traz uma substituição, a de Sérgio para o lugar de Vital. E o Sporting volta a entrar mais feliz, com o 4:2 de Gomes. É o bis do avançado numa jogada muito sua, de insistência. O primeiro remate é defendido por Valov, o segundo idem idem, o terceiro é golo, de cabeça. O CSKA inspira fundo e chega ao 4:4 por Kirov (bela jogada individual de Gueorguiev aos 66′) e Kostadinov (chapéu vistoso aos 77′). Pelo meio, Stoitchkov vê o amarelo uma e duas vezes. Acto contínuo, é expulso. Sepa Santos é o árbitro.

À porta da 10-A, o jornalista Miguel Correia d’A Bola apanha o número 8 do CSKA e sente a ira do homem. ‘Com árbitros deste nível, o futebol português não tem futuro.’ Já se sente do Barcelona? ‘O meu objectivo é ser campeão espanhol, mas agora quero concentrar-me no CSKA Sofia e na Taça dos Campeões. Espero eliminar o Marselha nos 1/4 final.’ Está bem lançado para a Bota de Ouro? ‘Marquei 19 golos na primeira volta do campeonato búlgaro e espero marcar mais uns 20 na segunda. Não estou obcecado com o troféu, se o ganhar tanto melhor. O que quero mesmo é ser campeão da Bulgária.’ A sua transferência para o Barcelona custou cinco milhões de dólares. ‘O principal é eu ter saúde. Não me vejo a ter problemas de adaptação ao futebol espanhol e estou satisfeito com a minha saída porque dá oportunidade a outros búlgaros da minha idade.’

Afinal, o que se passa entre Sepa Santos e Hristo Stoitchkov? Há todo um historial. Stoitchkov brilha a grande altura, com um golo e uma assistência, sem esquecer um livre directo para a defesa da tarde de Sérgio e ainda um penálti não assinalado por empurrão de Sérgio nas suas costas. Irritado com a passividade do árbitro, Stoitchkov reage com fúria a uma barreira mal colocada por ocasião de um outro livre directo. Os protestos ouvem-se, Sepa mostra-lhe o amarelo. Stoitchkov passa-se e agarra no árbitro lisboeta. Sacode-o até ver o vermelho.

(no dia seguinte, em Coimbra, empate a um golo entre Académica e CSKA com vitória coimbrã nos penáltis por 5:3, com Stoitchkov a ser assobiado pelo público da casa na sequência de desentendimentos vs. Fernando Couto, com quem dividiria balneário no Barcelona)

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