Great Scott #386: Primeiro jogador a representar a selecção portuguesa por um clube estrangeiro?
Humberto Coelho
Defesa central mascarado de avançado, é uma referência no Benfica e em todo o país. É daqueles casos do ‘nunca visto, jamais repetido’. Em matéria de golos na 1.ª divisão, queremos dizer. É o central português mais certeiro, com 68 golos espalhados por 16 épocas na 1.ª Divisão (14 pelo Benfica, duas pelo Paris SG).
C’est vrai, Humberto joga em Paris. Assina no Verão 1975 e volta ao Benfica em 1977. Nesse parêntesis temporal, joga na selecção e é o primeiro emigrante a fazê-lo. Mais precisamente a 12 Novembro 1975, nas Antas, vs Checoslováquia. A equipa nacional reúne nomes como Damas (Sp); Rebelo (VFC), Freitas (Bel) e Artur (Bf); Octávio (FCP), Alves (Boav) e Toni (Bf); Nené (Bf), Vítor Baptista (Bf) e Moinhos (Bf). O capitão é Humberto. No outro lado, o futuro campeão europeu sem Panenka e com Viktor; Ondrus, Pivarnik (cap), Jurkemic, Noder e Gogh; Bicovsky, Pollak e Callis, Nehoda e Masny.
Setenta contos. É o valor pago pela federação ao PSG pela convocatória de Humberto para o tudo ou nada: à Checoslováquia basta-lhe o empate para ir ao Euro-76 e a Portugal só interessa a vitória. Que nos foge na primeira jogada de perigo. Quer dizer, aquilo não é perigo nem é nada. Um bola bombeada para a área, Rebelo chuta para trás, Damas soca o ar e Ondrus aproveita para silenciar as Antas.
Ainda faltam 84 minutos e a malta já anda de mau humor. Moinhos revolta-se contra esse estado de espírito e mexe com a defesa checoslovaca. No minuto seguinte, um passe de bandeja da sua autoria apanha Nené em situação de golo. Bem dito, bem feito e 1-1. A bola vai ao meio e já está na área deles, com queda de Octávio. O árbitro holandês apita penálti. Reacende-se a esperança. Em vão. Nené atira uma brasa à trave, digna de um pau de arara da 3.ª distrital. Adeus Euro-76. Olá Humberto, o primeiro emigrante. O segundo é João Alves, pelo Salamanca, em Outubro 1976 vs Polónia, na qualificação para o Mundial-78.