Great Scott #406: Quem sai à última hora dos convocados de Portugal para o Euro-84?
Zé Beto
É a primeira final europeia e, coincidência das coincidências, o último onze totalmente português. Falamos do Porto 1984, em Basileia, vs Juventus. O treinador António Morais elege por ordem numérica Zé Beto, João Pinto, Eduardo Luís, Lima Pereira, Eurico, Jaime Magalhães, Frasco, Sousa, Gomes, Jaime Pacheco e Vermelhinho.
A sorte é-lhe madrasta, ganha a Juventus de Trapattoni por 2:1. Muito se fala sobre a arbitragem pouco democrática do alemão Adolf Prokop e há um jogador mais irritado que todos os outros. É ele Zé Beto. O guarda-redes, homem de sangue quente, assalta a bandeirola de um dos fiscais-de-linha e agride-o. Os companheiros afastam-no de pronto. Em vão, o mal já está feito. O árbitro escreve cobras e lagartos, a UEFA suspende Zé Beto por um ano. Até Junho 1985, o guarda-redes só pode jogar a nível nacional, estilo campeonato, taças e tal. Fora do país, Zé Beto é persona non grata.
Ora bem, isso obrigado a dois tipos de ginástica. O Porto tem de sacar um guarda-redes para jogar a Taça das Taças 1984-85 e a selecção nacional é obrigada a chamar o guarda-redes de prevenção para o Euro-84. No primeiro caso, Borota é contratado ao Boavista e vira figura (trágica) daquela primeira eliminatória vs Wrexham. No segundo, o seleccionador Fernando Cabrita anuncia o moitense Jorge Martins, titular do Vitória FC.
Curiosamente, nem Zé Beto nem Jorge Martins acumulam até então qualquer experiência na selecção. Pudera, o dono da baliza é Bento — e o suplente Damas. Adia-se a estreia de Zé Beto, até 1986. E a de Jorge Martins? Para sempre. Na verdade, o homem também é convocado como terceiro guarda-redes para o Mundial-86 e nunca, mas nunca mesmo, faz um minuto por Portugal.
De volta a Zé Beto, ainda volta a defender as redes do Porto na UEFA com 12 presenças, cinco das quais no arranque da gloriosa Taça dos Campeões 1986-87 antes de ser substituído por Mlynarczyk.
