Great Scott #461: Único avançado à baliza num jogo dos ¼ final da Taça dos Campeões?
Papin
O Marselha de Tapie voa. Se o domínio interno é já uma certeza, só lhe falta um título internacional para dar outro élan à sua carreira de presidente e à própria cidade, quase sempre vetada ao esquecimento pelo resto da França à conta da sua arquitectura caótica e do seu povo fanfarrão – no fundo no fundo, à imagem de Tapie.
Na Taça das Taças 1987-88, o Marselha chega à ½ final e é eliminado pelo campeão em título Ajax. Na Taça dos Campeões 1989-90, mais uma ½ final, agora eliminado pelo Benfica de Vata. Na eliminatória anterior, o sorteio coloca o CSKA Sofia na sua rota. Atenção, é o CSKA da potente dupla avançado Stoitchkov/Kostadinov. Lá atrás, na defesa, o lobo Ivanov. O Marselha do 9 Papin 10 Francescoli e 11 Waddle chama-lhe um figo. Na Bulgária, 0:1 por Thys. Em França, 3:1 por Waddle, Papin, Sauzée e Ouroukov.
O jogo em si acumula curiosidades em monta. Primeiro, o treinador búlgaro Penev substitui os guarda-redes após o 3:0: sai Valov, entra Apostolov. Minutos depois, aos 83’, Ouroukov desmarca-se pela direita e fixa o 3:1. No lance, o guarda-redes francês Huard choca com Mura e sai lesionado. Estamos em Março e Huard nunca mais jogará até final da época – daí que o Keeper do OM vs Benfica seja Castaneda.
Ora bem, Castaneda está no banco vs CSKA, só que o treinador Gili já esgotara as substituições, ainda por cima em simultâneo no minuto 74: Deschamps por Tigana e Thys por Di Meco. Com Huard lesionado, quem se arrisca a vestir a camisola de guarda-redes à falta de sete minutos?
Papin, o capitão, levanta o dedo e assume o desafio, com o número 16. Ao longo do tempo, ninguém lhe faz cócegas. Nem Stoitchkov nem Kostadinos. Uns quantos atrasos de bola para a defesa em forma de mergulho e a consequente ovação do numeroso público (34 651 espectadores) é a receita de JPP.