Great Scott #464: Quantos golos de penálti marca Veloso no treino matinal no dia da final vs PSV?
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A polivalência é uma ciência. E há jogadores que a transformam em arte, como Veloso no Benfica em 1989-90, quando faz 14 jogos como lateral-direito, 32 como lateral-esquerdo e ainda três como central. O currículo de Veloso é mais vasto, claro. O homem joga 15 épocas ao mais alto nível no Benfica, com um total de 658 jogos, 322 dos quais a capitão. Números inacreditáveis de um jogador irrepetível. Em matéria de golos, Veloso é naturalmente mais comedido. Ao todo, 13 e todos de bola corrida.
Na época 1987-88, um fenómeno da linha dos 11 metros abate-se sobre Veloso. Em Agosto 1987, o Benfica de Toni levanta o Teresa Herrera sem ganhar um único jogo. Na ½ final, 0:0 vs Everton e 5:3 nos penáltis (Elzo, Rui Àguas, Nunes, Dito e Diamantino). No dia seguinte, a mesma receita para derrubar o anfitrião Deportivo, 4:3 nos penáltis (Rui Águas, Nunes, Bento e Edmundo) após o 1:1 de Aspiazu e Rui Águas.
Nessa sequência de penáltis, há dois benfiquistas a falhar o alvo. O primeiro é Chiquinho Carlos, o segundo é Veloso. Daí para a frente, nunca mais Veloso experimenta o lance. Calha-lhe a fava em Maio 1988, por ocasião do desempate na final da Taça dos Campeões. Nos primeiros 11 remates, 11 golos. Já estamos na segunda série. Parece Veloso para a bola, o remate com o pé direito é para a sua esquerda e Van Breukelen defende com facilidade.
Conta o próprio. ‘Sentia-me confiante, tanto assim é que levantei o braço após o empate 5:5 na primeira série. Nessa manhã, durante o treino, tinha marcado quatro golos em quatro penáltis. A eficácia estava lá, não havia como partir desanimado para a bola. Aliás, se estivesse desanimado, não me teria chegado à frente.’ No outro lado, Silvino sofre 6 golos em 6 remates – logo ele que havia defendido um penálti do Vitória SC, na Luz, a quatro dias da final, no tal jogo em que Adão apanha Diamantino e deixa o capitão do Benfica de molho durante meses.
O falhanço de Veloso é ainda o início de uma malapata do número 2 nos penáltis em finais da Taça/Liga dos Campeões, prolongada em 1991 (Amoros, Marselha), 1996 (Silooy, Ajax) e 2001 (Pellegrino, Valencia).