Great Scott #495: Quem recorre a um tabuleiro de xadrez ao intervalo para dar a volta ao Hajduk Split?
José Maria Pedroto
Jacinto João, o verdadeiro JJ do futebol português, craque do drible e mágico do golo, é ainda hoje o segundo jogador do Vitória FC com mais jogos na UEFA. Um desses 48 jogos é vs Hajduk Split, no Bonfim, para a Taça UEFA.
Estamos a 21 Outubro 1970 e o Vitória é apanhado em contrapé pela táctica pseudo defensiva do Hajduk. ‘Na verdade’, diz Jacinto João, ‘eles jogavam lá atrás e depois partiam rápido para o contra-ataque através de lançamentos longos. Nós, mais habituados a ter a bola no pé, sentimos dificuldades’.
Aliás, Pedroto sente o mesmo e, aos 13 minutos, saca um médio (Pedro Tavares) para meter um avançado (Arcanjo). ‘Para quê jogar com médios se eles nem sequer povoavam o meio-campo? O Pedroto sabia muito.’ JJ é fã, está visto.
Ao intervalo, 0:0. No balneário, um acontecimento único. ‘Levámos um baile de bola na primeira parte, a tal ponto que o Pedroto teve de recorrer, ao intervalo, a um quadro improvisado, a um tabuleiro de xadrez, para nos explicar como poderíamos dar a volta aos acontecimentos. E demos, mas à custa de muito sacrifício.’
Aos 59 minutos, José Maria atira do meio da rua e a bola entra na baliza sem pedir licença. Aos 82’, o suplente Boljat marca na própria baliza e alivia a pressão para o Vitória FC na deslocação à então Jugoslávia, onde o 0:1 de José Maria aos 23’ é o sinal inequívoco de uma eliminatória tranquila.
O Hajduk acabaria por dar a volta ao marcador em nove minutos (Nadoveza 63’ + Buljan 72’) e então? Mesmo que marcasse mais um, o Vitória qualificar-se-ia pela regra dos golos fora. Xeque-mate.