Great Scott #512: Único jogador a marcar seis golos na final da 2.ª divisão?
Cardoso Pereira
A saga dos campeões da 2.ª divisão começa em 1934-35, com a vitória do Carcavelinhos vs Boavista em Coimbra, no Campo do Arnado. Na final do dia 12 Maio, 1:1 após prolongamento. Sem moeda ao ar nem penaltis, as duas equipas voltam a encontrar-se daí a 49 dias, no último dia de Junho. Reis (própria baliza) e Quirino enganam Biri, o famoso guarda-redes Janos Biri, depois treinador de sucesso no Benfica. O golo de honra dos boavisteiro pertence a Costuras, futura figura de eleição do FC Porto.
Na lista dos campeões, seguem-se nomes como Olhanense, Boavista, Leixões, Carcavelinhos (de novo), Farense, Olhanense (de novo) e Estoril até 1942. No ano seguinte, a final contempla Barreirense e Sanjoanense. Para chegar ao Campo Grande, o Barreirense ganha a série 11 e depois elimina Estoril (3:2), Atlético (4:0), Vitória FC (3:2) mais Lusitano Évora (7:2). Já a Sanjoanense avança em primeiro na série 3 antes de afastar Covilhã (3:2), União Coimbra (1:1 + 2:1) mais Braga (4:2).
Na final do dia 23 Maio, o apito pertence ao lisboeta Abel Ferreira. O primeiro golo da tarde é de Cardoso Pereira. Até aquí, tudo bem. A Sanjoanense empata por Russo. Segue-se o 2:1, bis de Cardoso Pereira. Depois o 3:1, hat-trick de Cardoso Pereira. Depois o 4:1, póquer de Cardoso Pereira. Depois o 5:1, penta de Cardoso Pereira. Depois o 6:1, hexa de Cardoso Pereira. Game over, acaba 6:1 para o Barreirense. Que tarde gloriosa. O Barreirense festeja (a taça só é entregue no dia 25, com pompa e circunstância na sede do clube), Cardoso Pereira é o indiscutível herói maior dessa conquista. Seis golos é obra. Histórico, nunca visto e jamais repetido.
José Cardoso Pereira, nascido e criado em Setúbal, mais concretamente no bairro de São Domingos, é um avançado com fúria de golo. Um dia, pelo São Domingos Futebol Clube, na 2.ª divisão 1934-35, marca cinco golos nos 15:1 vs Grupo Deportivo Os 13. A sua fama estende-se e o Vitória FC interessa-se por ele. O Barreirense antecipa-se em 1939 e Cardoso Pereira marca no regresso ao campo do São Domingos, em 1940-41. Um ano depois, a revista Stadium apelida-o de ‘Peyroteo do outro lado do Tejo’. Verdade seja dita, a sua capacidade goleadora é infinita e disso se dá conta ao serviço do Vitória FC, a partir de 1943 e até 1950, quando assina pelo Ginásio Clube do Sul, ali em Cacilhas.
Daquela tarde grandiosa dos seis golos na final da 2.ª divisão, Cardoso Pereira junta-lhe outra, em Março 1948, quando marca pela selecção distrital de Setúbal vs Lisboa (2:1). Fosse qual fosse o campo ou o adversario, Cardoso Pereira é homem de cometimentos mil. Formidável.